domingo, 14 de março de 2010

Entrevista: Coerência



      Ae povo, meio sumido sim, mas continuamos na ativa e pra provar isso vamos iniciar uma série de entrevistas com bandas goianas, feitas pelo blog, na verdade pela Lanna que é nossa mais nova colaboradora (kkkkkkkkkkk). A primeira banda escolhida é uma banda nova que soa como velha, pois possui integrantes de finadas bandas do cenário punk/hardcore daqui, como Chef Wongs e Duup. Essa banda é o Coerência que há pouco tempo na ativa já vem conquistando destaque no cenário tosco goianiense. Então sem mais delongas... Coerência:

Quando a banda se formou?

 

Exatamente não me recordo. Em 2008 já ensaiávamos. Esses primeiros ensaios tiveram mais a função de nos auto apresentar musicalmente, e rolar uma intimidade sonora entre a gente. Desde então começaram as composições.

 

Coerência! De onde surgiu o nome?

 

A idéia de nome apareceu depois de vários meses de ensaio, junto com outros que iam aparecendo na medida em que o tempo passava. E esse nome, talvez, foi o que resistiu e quando vimos já era esse mesmo.  No começo não era consenso, mas acho que isso foi sendo construído no nosso dia a dia, e quando percebemos o nome já era parte conceitual da banda e já ajudava a pensar letras, artes, idéias e tudo mais relacionado as nossas ações. Então é mais interessante pensar que esse nome cresceu com a gente, e não surgiu.    

 

Qual é a visão de vocês em relação ao Hardcore goiano, e quais as metas da banda em relação a isso?

 

Certamente temos visões e relações diversas no que se refere ao Hardcore. Temos interesses diversos, posturas diferentes e esperamos certas coisas que nem sempre são as mesmas. Isso é saudável, acho que na medida do possível vamos construindo consenso e formando meios pra atingir objetivos comuns. Mesmo quando fica complicado dar voz a determinada vontade que você quer muito exprimir, é preciso segurar e guardar pra uma hora mais apropriada.

Acho que não temos uma visão formada sobre o hardcore goianiense. Mas tenho alguns caminhos pra pensar isso. Acho que falta debate, tolerância, se colocar no lugar do outro, compreensão e, sobretudo, admitir que existem um número N de hardcores, não existe “O HARDCORE”, isso me soa como um egoísmo tremendo. E aqui acho que existe um consenso entre a banda, temos um interesse em debater essas questões, mostrar que o tal hardcore não está pronto e acabado, mas se encontra em uma relação constante de construção.

Agora em uma perspectiva mais prática e logística, o hardcore precisa se aprimorar muito no sentido de organização pragmática mesmo. O que pretendemos fazer em relação a isso é ensaiar constantemente, disputar espaços em eventos em pé de igualdade com outras bandas da cidade, seja ela em qualquer estilo. Ações no sentido de organizarmos nossos próprios shows, proporcionando intercâmbio com bandas que gostamos e que nos influencia, e portanto, sair de Goiânia e estabelecer contato com outras cidades. Enfim, pensar mecanismos que nos permitam respirar e fazer com que nossa música esteja mais acessível pra quem se interessar. E isso já vem acontecendo.

 

Algum dos integrantes são straight edge, rola algum preconceito interno e externo em relação a isso?

 

Exemplo prático: O Raphael diz que se alguém tocar com o X na mão (símbolo clássico dos straight edge) ele toca bêbado e escrito “desgraça” no peito. Então assim, além de engraçado é uma situação onde duas idéias são legítimas e podem ter voz em um mesmo espaço. É uma questão ideológica, e o polemismo toma conta, e as piadinhas soam muito como preconceito sim. Acho que a necessidade de julgar o diferente sem critério nenhum hoje é muito comum, então as pessoas que resolvem tomar alguma posição, certamente enfrentarão preconceitos. Mas acho que o fato de beber ou não beber é importante pra alguns grupos específicos, e se alguém quiser compreender essas duas ações basta analisar os contextos de surgimento, as propostas e compreender o por que. E verá que não tem nada de anormal seja de um lado ou de outro.

 

Quais são as fontes de inspiração para as letras?

 

Acho inspiração uma palavrinha muito picareta. Me soa um sentido de magia, como do nada a tal inspiração viesse e você firmasse até ela permitir, e aguardar ela voltar pra escrever mais. Prefiro “exercício de estranhamento”. Não temos grandes eventos que proporcionam uma comoção e pedem um determinado texto, e muitas coisas estão na cara mas quem escreve insiste bater na mesma tecla, gerando um mais do mesmo tedioso.   Acho que o lance é você todos os dias estranhar suas práticas, suas estruturas de pensamento, e isso faz com que você perceba coisas quem nem sempre foram tão claras, e isso é uma matéria que me impressiona, logo me da gosto de escrever. Escrever sobre escrever, escrever sobre como se organizar suas idéias, escrever sobre o que escrever e como escrever. Escrever sobre o que as pessoas escrevem. São problemas que gosto de tentar compartilhar com as pessoas que possivelmente vão nos escutar.


Contato: www.myspace.com/coerencia

               coerencia@myspace.com


               

                

Um comentário: