sábado, 16 de outubro de 2010

Corja - A Caixa de Pandora 1998-2010


SAAAAAIU!

Compilação feita para juntar e mostrar tudo de bom e tosco,que foi feito pela banda nesses 12 anos.


Abaixo tudo sobre cada faixa.

AS MÚSICAS:

WAR. Essa foi a primeira música “própria” que a gente ensaiou ainda no final de 97. Na verdade era a única música da banda anterior que eu e o Daniel fazíamos parte e nós a aproveitamos pro Corja por causa do riff pesado. A letra é bem adolescente e o único registro da banda em inglês. Paramos de tocá-la em


ROTINA, CALIBRE. Duas letras do Adelson pras duas primeiras bases que o
Daniel compôs pra banda. Se transformaram em clássicos da geração Cantoria!

SONHO BURGUES. Base do Daniel e a primeira letra que eu fiz pra banda, ainda em 98. A letra narra de forma jornalística um assassinato em um bairro nobre, regado a ambição e cocaína.

TENTANDO BUSCAR A VERDADE. Uma das melhores letras da banda até hoje, fala sobre as desilusões de um adolescente tardio começando a enfrentar as desgraças do mundo. Base do Camboja. Contém uma livre adaptação de
Virginia dos Mutantes no final da música

TELEVISÂO. Primeira versão da primeira contribuição do Camboja pra banda, regravada em 2010 para o álbum Justiça Au GO GO

JUVENTUDE PERDIDA. Base Sabbathiana do Daniel, foi uma das músicas menos executadas pela banda. A letra fala sobre a alienação da Juventude diante dos problemas sociais.

ASTRONAUTA. Versão cortada no meio porque na época as gravações eram feitas em fita K7 e o lado A da fita acabou. Começamos a tocar esse cover assim que o Adelson entrou na banda, tocamos isso tanto e a galera curtia tanto q

ue acabamos adotando a música!

DERGUIM. A letra foi feita pelo Zé e narra uma história real de uma das quebras mais toscas de Goiânia o Terminal do DERGO, apelidado de DERGUIM

OS NANDIM. Relato do cenário político do final dos anos 90. “De Fernando em Fernando o B

rasil vai se acabando” a letra fala por si.


MELIANTES OFICIAIS. Anteriormente chamada de “Povo Bundão” foi a música de transição da fase Rap-Core pra fase

atual da banda. Aproveitamos a base feita pelo Daniel em 2000 para a letra do Alysson que denuncia a violência policial em um estado Fascistavelado (neologismo Macambirico que reúne as palavras fascista, velado e favelado) mesclando Death Metal com Hip Hop

ALLENDE MANDAR. Primeira composição da banda depois do hiato de 8 meses entre abril e dezembro de 2001. Fez parte do Al Qaeda´s Greatest Hits e até hoje é uma das mais conhecidas da banda.

DO PRINCÌPIO AO FIM. Segunda composição da nova fase da banda, foi lançada na coletânea Não Nasci Para ser Herói (Agah Records 2003), mas por algum motivo ficou de fora do Al Qaeda´s. Qualquer dia desses a gente reformula ela e toca de novo...

FUNKY JAM (PSICOGRAFUNK) Sempre fizemos algumas Jam´s durante os ensaios como forma de relaxar quando o bicho pega. Essa foi a única que foi registrada, e ficou tão massa que mereceu entrar aqui. O título Psicografunk tem a ver com isso, pra ter ficado tão bom deve ter sido psicografado haha!

A REALIDADE BATE A SUA PORTA. Versão do hit do Al Qaeda´s Greatest Hits com o Alysson no vocal.

FOGO NA PATRICINHA. Idem anterior

A BOA NOVA. Uma das mel

hores músicas da banda, com uma das melhores letras. Ultima música composta pelo Daniel, que depois dela se aposentou de composições eheheh

LUSCO FUSCO Apontando pra uma direção diferente na questão sonora foi o embrião da fase Justiça Au GO GO e por pouco não entrou nesse álbum

ME DEIXE MUDO Versão do clássico do Walter Franco, lançado no álbum Ou Não de 1974, foi gravada para um tributo ao mesmo que nunca saiu.

BRIGADA DO A Música da fase Justiça Au GOGO que infelizmente ficou fora do disco, mas resolvemos lançar essa versão demo tosca só por registro mesmo!

Então é isso com essa compilação tosca mostramos a face oculta da nossa história, recolhemos nossos restos e pedaços descartados e demos luz aos mesmos simplesmente pra não deixar passar tudo em branco. Espero que gostem e perdoem nossas falhas!

Segundo – Outubro de 2010.

FICHA TÉCNICA

TODAS AS MÚSICAS COMPOSTAS POR CORJA, exceto Astronauta (Wander Wildner) e Me Deixe Mudo (Walter Franco)

1-4 – GRAVADAS EM ABRIL DE 1999 na casa do Segundo no esquema DIY, junto com as bandas Self e Imp. Daniel – Bateria, Segundo Baixo, André Guitarra, Camboja Guitarra, Adelson Vocal.

5-9 GRAVADAS EM JUNHO DE 1999 no OLD STUDIO. Daniel Bateria, Segundo Baixo,Camboja Guitarra,Adelson Vocal.

10-13 GRAVADAS EM NOVEMBRO DE 2000 no ESTUDIO URBANO. Daniel Bateria, Segundo Baixo, Camboja Guitarra, Zé Vocal, Cão Vocal. Faixas lançadas como a demotape “Não dê conversa eles fazem a cabeça de vocês”

14 – 17 GRAVADAS EM MARÇO DE 2002 na Sala de Ensaio na rua 24,Centro. Daniel Bateria, Segundo Baixo, Camboja Guitarra, Alysson Vocal

18- 22 GRAVADAS EM AGOSTO DE 2003 no LOOP STUDIO. Faixas lançadas como o CD-r Fogo na Patricinha EP. Mesma formação da gravação acima.

23. GRAVADA EM AGOSTO DE 2006 no OLD STUDIO. Daniel Bateria, Camboja Guitarra, Segundo Baixo e Vocal.

24. GRAVADA EM JULHO DE 2008 no OLD STUDIO.


Download : A Caixa de Pandora 1998-2010

Myspace : Corja





Lanna C.




sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Catálogo Two Beers Or Not Two Beers 2010



Catálogo Two Beers Or Not Two Beers 2010


.Death From Above - Death Comes (CD) – D-Beat (Myspace)

.Corja - Al Qaeda´s Greatest Hits (CD)- Crossover (Myspace)

Desastre - Perigo Iminente(CD) – Crust Punk (Myspace)

.Spiritual Carnage (CD) – Voices Of Darkness – Death Metal (Myspace)

.Ressonância Mofica (CD) – Agregados Onimodos Malditos -Death/Grindcore (Myspace)

.Macakongs (CD) – Ricos,Bonitos,Sortudos e Bons de Briga – Crossover (Myspace)

.Krow (CD) –Before The Ashes - Death Metal (Myspace)

.Sinfonia da Desgraça - 5 Way Split (Derci Gonçalves (PA), Abravanel (SP) , Death Mold (USA),Chuck Norris (ES),Rabujos (PE)

.Disforme (CD) – Mais Um Número – Hardcore (Myspace)

.Mortuário (CD) – Vidro na Cara – Thrash/Crossover (Myspace)

.Macakongs (CD) – Tropicanalia – Hardcore /Crossover (Myspace)

Cicuta (CD) – Loucura,Feiúra e Dentadura – Rock (Myspace)

.Desastre (CD) – Procurando Saída – D-Beat / Crust Punk (Myspace)

.Inbleeeding (CD) – P.H.O.B.I.A – Metal (Myspace)

.Corja (CD) – Justiça Au Go Go – Crossover (Myspace)

.Testemunha Ocular (CD) –Frutos da Rua - Rap/Hip-Hop (Myspace)

.Ressonância Morfica(CD) – Mortificaos – Death/Grindcore (Myspace)

.Os Gays Marcelo Solá – (#)

.Alltorment (CD-r) – The End Of Peaces Season (Myspace)

.WxCxMx (CD-r) – O caos Continuar – Hardcore Punk/ Grindcore (Myspace)

.Terrorcorpse (Cd-r) – Demoninside – Death Metal (Myspace)

.Slaver (Cd-r) – Thrash Forces – Thrash Metal (Myspace)

.Dark Ages (Cd-r) – Pesadelo – Thrash /Death (Myspace)

.Mortaldread (Cd-r) – Start The Killing – Thrash Metal (Myspace)

.Cruscifire (Cd-r) – Sick World – Thrash/Death (Myspace)

.WxCxMx (Cd-r) – Juventude Livre de Deus –Hardcore Punk/ Grindcore (Myspace)

. Perfect Violence (Cd-r) – All Cops Are Bastards – Hardcore/NY (#)

.Mortuário (Cd-r) – Thrash Core – Thrash/Crossover (Myspace)

.Coletânea Brutal Fest – (Claustrofobia,Nervochaos,Brutal Exuberancia,Desastre,Attero,WxCxMx) (Cd-r) (#)



Ps.: Preços,disposição,compras e trocas,mandar seu material,lançar seu material

Email: tbontb2@hotmail.com / a.over@hotmail.com

Myspace Two Beers




Lanna C.



CORJA - A Caixa de Pandora 1998-2010

Corja em Inhumas 2007


Resgatar 0 passado é algo até divertido e foi bem interessante recolher todo esse material antigo do Corja pra lançar o primeiro disco virtual da TBonTB. A Caixa de Pandora não é apenas uma compilação de raridades de uma banda com 12 anos de estrada, mas também uma forma de resgatar o espírito de uma época. Como disse em um site de relacionamentos o vocal e guitarra do Cicuta (e ex Ps&co. Ataq) Leandro Torreal:" quem desconhece, desconsidera ou desgosta de Corja deveria ao menos sacar a tal caixa de pandora.
a banda é tosca, isso todos sabemos, mas ali vc pode encontrar verdadeiras pérolas cantadas e entender um pouco da história do underground goiano, que nesses últimos anos mudou muito.
rock feito apenas pelo rock.
feito desse jeito escroto em uma época que tocar rock ainda era ser visto como um maloqueiro vagabundo.
as famílias sentiam vergonha de ter filhos envolvidos com essa merda...
hahahaha....
bons tempos mais pueris. "

E resgatando esses tempos pueris aproveitamos pra postar aqui uma entrevista feita com o Corja no já longinquo ano de 2003 publicada no saudoso Cybergoias.com e redigida pelo Gay-mor Alexandre Barbosa. Na época a banda ainda contava com o Alysson nos vocais e o clima de cena era outro, mas mesmo assim vale a pena conferir pois muita coisa (não) mudou de lá para cá!


ENTREVISTA COM CORJA: A ÚNICA BANDA HARDNEWCORERAPMETAL
Goiânia, 8 de agosto de 2003

Surgido em meio a uma geração que revolucionou o rock goianiense, o Corja representa muito bem as influências que nortearam o rock pesado nos últimos anos: rap, hardcore e o novo metal. Apesar de ter se apresentado várias vezes fora de Goiânia e ser uma banda muito respeitada no cenário local, o Corja jamais tocou em um festival organizado pela Monstro. Mas, em compensação, costuma se apresentar nos principais shows promovidos pelo selo Two Beers, o selo do baixista Segundo. Veja aqui a entrevista com três dos quatro integrantes do Corja:

cyber - Quando surgiu o Corja e qual foi a idéia de colocar esse nome?

Segundo - O CORJA SURGIU EM FEVEREIRO DE 1998, NA GARAGEM DA MINHA CASA, NO FINAL DE 97. EU TOCAVA NUMA BANDA QUE CHAMAVA PAY DAY, DAÍ O BATERISTA DO PAY DAY SAIU E O VOCALISTA FALOU DE UM CARA DA SALA DELE QUE TOCAVA BATERA. ERA O DANIEL. UM DIA MARCAMOS UM ENSAIO E QUANDO O DANIEL CHEGOU, EU SACAVA QUE CONHECIA ELE HÁ UNS 4 ANOS. FOI TIPO UMA SURPRESA, DO TIPO "VOCÊ AQUI??" CARALHO VÉI! QUANTO TEMPO E TAL.... DAÍ O PAY DAY ERA POP DEMAIS PRA GENTE, E EM UM ENSAIO QUE O POVO NÃO FOI, EU E O DANIEL FICAMOS SONHANDO EM TOCAR UM SOM PESADO TIPO RAGE AGAINST THE MACHINE. EU DIZIA QUE ERA IMPOSSÍVEL A GENTE FAZER AQUELE SOM PORQUE OS CARAS TOCAVAM DEMAIS E A GENTE ERA UNS BOSTAS, DAÍ ELE ME MOSTROU UMA BASE QUE TINHA FEITO MEIO RAPCORE. DAÍ , NO COMEÇO ERA EU E ELE, DEPOIS ELE CHAMOU O PRIMO DELE PRA TOCAR GUITARRA. DAÍ A BANDA NASCEU. O NOME SURGIU DAQUELA DÚVIDA NORMAL: QUAL SERIA O NOME DA BANDA? TINHA QUE SER ALGO SUBVERSIVO E QUE TRAZIA IMPACTO. DAÍ EU SUGERI GENTALHA. A GENTE RIU PRA CARALHO POR CONTA DO QUICO DO CHAVES E AI O DANIEL VEIO COM CORJA E FICOU ATÉ HOJE.

Daniel - A gente tava procurando um nome que nos identificasse como assumidos perante o preconceito que geralmente sofrem aqueles que tentam fazer um som e viver na boemia do underground. O Segundo veio com Gentalha, mas como a coisa era pra ser mais séria, fui direto no sinônimo mais grave.

cyber - O Corja teve várias formações. Quais foram?

Segundo - CARALHO.... VAMO LÁ:
PRIMEIRA FORMAÇÃO: 98: DANIEL, SEGUNDO, RODOLFO E ADELSON. NO FINAL DE 98 O RODOLFO FOI OBRIGADO A SAIR POR PRESSÃO PATERNA E AÍ O CAMBOJA ENTROU NO LUGAR E TÁ ATÉ HOJE. NO COMEÇO DE 99 O ANDRÉ COGU QUE TOCAVA NO PAY DAY FEZ UMA PASSAGEM RELÂMPAGO PELA BANDA, DAI A GENTE GRAVOU UMA DEMO E NÃO CURTIU O VOCAL DO ADELSON GRAVADO, A GENTE QUERIA UMA COISA DIFERENTE, MAIS HIP HOP E O ADELSON ERA MAIS HC E TAL. DAÍ OS MENINOS FORAM PEDIR PRA MIM TIRAR ELE DA BANDA. FOI FODA, PORQUE EU ERA AMIGO DO CARA E QUERIA ELE NA BANDA, MAS NUM TAVA ROLANDO, ELE FICOU MUITO SENTIDO MAS PASSOU, HOJE CONTINUAMOS A SER GRANDES AMIGOS.

EM NOVEMBRO DE 99, ACHAMOS DOIS VOCALISTAS: O ZÉ, QUE ERA AMIGO DE INFÂNCIA DO CAMBOJA E O CÃO QUE ERA CHEGADO NOSSO DA RUA. ELES ENTRARAM E FIZERAM NA MINHA OPINIÃO A MELHOR FORMAÇÃO DA PRIMEIRA FASE DA BANDA, A GENTE TAVA ENSAIADO E AS MUSICAS ERAM BOAS. DAÍ O CÃO SAIU, O LUCAS ENTROU E O NEGO TAMBÉM...
AÍ A BANDA ACABOU E DEPOIS DE QUASE UM ANO VOLTOU COM O ALYSSON. EU, O CAMBOJA E O DANIEL, E ESTÁ ASSIM ATÉ HOJE.

cyber - Quais eram, no início, as principais referências do Corja?

Segundo - CARA, ERAM BASICAMENTE, NO CAMPO MUSICAL, AS BANDAS DE RAPCORE, TIPO RAGE AGAINST THE MACHINE, DOG EAT DOG, 3 -11, CLAWFINGER, BODY COUNT E ALGUMA COISA DE HC NYC, TIPO BIOHAZARD, MADBALL E MÚSICA BRASILEIRA, TIPO CHICO SCIENCE, REPLICANTES, SHEIK TOSADO E MURDER. E HARD ROCK 70 TIPO PURPLE, SABBATH E LED.
JÁ NO CAMPO IDEOLÓGICO ERA MARX, JOE STRUMMER, GREG GRAFFIN, JACK KEROUAC, ZACK DE LAROCHA, CHE GUEVARA, BAKUNIN... ERA BEM PANFLETÁRIO E CONSCIENTIZADOR, QUERÍAMOS MUDAR O MUNDO.... É LÓGICO QUE O QUE MAIS INFLUENCIOU NAS LETRAS FOI A NOSSA EXPERIÊNCIA DO MUNDO ALIADA A ESSES TEÓRICOS....

cyber - Os primeiros shows do Corja foram marcados por várias roubadas e por aquele amadorismo tosco de quem está começando meio na zoeira. como era essa época?

Segundo - CARA ERA MASSA, TIPO ROLAVA AQUELE SONHO DE BANDA NO COMEÇO E TAL, FOI UMA ÉPOCA MUITO BOA DA MINHA VIDA. PENA QUE O ÁLCOOL E DEMAIS SUBSTÂNCIAS APAGARAM BOA PARTE DESSAS DOCES LEMBRANÇAS. MAS ACHO QUE TODA BANDA TEM QUE PASSAR POR ISSO UM DIA, PRA SABER QUE O BURACO É MAIS EMBAIXO E QUE NÃO É NADA FÁCIL TER UMA BANDA EM GOIÂNIA. OS TEMPOS ERAM OUTROS, GOIANIA NÃO TINHA ESSE GLAMOUR QUE TEM HOJE, NUM TINHA MONSTRO NEM TWO BEERS. AS BANDAS ERAM BEM POUCAS, MAS JÁ TINHA UM PÚBLICO FIEL, MAS NADA DESSE LANCE DE CENA ALTERNATIVA PROMISSORA NEM NADA. ERA SÓ TOCAR POR AMOR E TAL, POUQUISSIMAS BANDAS TINHAM GRAVADO E OS SHOWS SÓ ROLAVAM NO CENTRO, NUM ESQUEMA BEM TOSCO.... FOI UMA ÉPOCA EM QUE SURGIRAM BANDAS QUE ESTÃO AI ATÉ HOJE. FOI UMA RENOVAÇÃO NO UNDERGROUND DE GOIÂNIA, ALÉM DE NÓS SURGIRAM O AGAINST, O C(H)OICE, O OSNI, O SELF, O PS&CO ATAQ, O NEM, IN BLEEDING....

Daniel - Nos primeiros shows a gente não tinha nada, só a saudosa (que Deus a
tenha) bateria Dixon do Segundo e suas duas Ciclotrons do Inferno. Quando tinha lugar pra tocar, não tinha gente. Quando tinha gente, não tinha energia elétrica. Quando tinha energia, a ciclotron queimava. Era meio duro, mas o pessoal gostava de vez em quando

cyber - Depois da demo de 2000, "Não dê conversa, eles fazem a cabeça de vocês", é verdade que houve uma briga de porrada em um ensaio do corja?

Segundo - FOI EXATAMENTE UMA SEMANA DEPOIS DA GRAVAÇÃO. EU E O CÃO ESTAVAMOS NUMA FASE DE BRIGA E NEM CONVERSAVA UM COM O OUTRO DIREITO DAI TEVE UM ENSAIO QUE O POVO TAVA ATRASADO, DAÍ COMEÇAMOS A DISCUTIR E O KAIO (AMIGO NOSSO, EX IMP E ATUAL CFC), FICOU PONDO PILHA NA COISA, AI NOS ALTERAMOS E O CÃO ME RUMOU UNS MURROS NA CARA. EU TAVA SENTADO NA PORTA DO ESTÚDIO, NA 68 (CENTRO). AÍ O CÃO RUMOU AS PANCAS E EU FIQUEI SEM REAÇÃO, DAÍ, NUM ESQUEMA MEIO GANDHI, EU LEVANTEI E FIQUEI GRITANDO: "BATE MAIS! BATE MAIS!", RIDÍCULO..... MAS ISSO PASSOU E HOJE SOMOS AMIGOS DE BOA, MAS CONCORDAMOS QUE FOI O KAIO QUE FICOU PONDO PILHA NA TRETA E ELA SÓ ROLOU PORQUE O KAIO TAVA LÁ. ISSO FOI NO ENSAIO DO MURDER, A GENTE IA ENSAIAR DEPOIS, AÍ O NATAL QUERIA MATAR O CÃO.... NO FIM DAS CONTAS EU ENSAIEI COM A CARA ROXA E DAI O LUCAS ENTROU NA BANDA....

Daniel - A gente tinha marcado ensaio proque tinha show, ia gravar uma demo de novo, mas aconteceu do Segundo me emprestar o carro, antes do ensaio, pra resolver alguns problemas que não vêm ao caso, junto com mais dois integrantes da banda. Quando eu cheguei, atrasado (muito atrasado), dei de cara com o Segundo com o olho fudido, e fiquei sabendo que o Cão tinha apelado com ele. E é tudo que sei sobre tão nebuloso episódio.

cyber - E, quando tudo parecia que estava acertado, o Segundo saiu da banda. O que aconteceu?

Segundo - EU ESTRESSEI COM A BANDA PORQUE NÃO TAVA MAIS CURTINDO TOCAR RAPCORE DAQUELE JEITO, A ATITUDE SUBVERSIVA DA BANDA TINHA ACABADO E ELA TAVA CAMINHANDO A MEU VER PRUM LANCE POP E EU QUERIA TOCAR ALGO MAIS PESADO E COM ATITUDE. DAÍ, O AGAINST E O PS&CO ATAQ ME CHAMARAM PRA TOCAR E EU TAVA DE SACO CHEIO DA BANDA E DA GALERA QUE O POVO DA BANDA TAVA ANDANDO, E O UNICO QUE EU NÃO ESTAVA GRILADO ERA O CAMBOJA. AÍ EU E O DANIEL DISCUTIMOS UM DIA NA PRAÇA UNIVERSITÁRIA E EU SAÍ. PASSAMOS UM TEMPO BRIGADOS E DEPOIS TUDO SE RESOLVEU...

Daniel - Aconteceu que eu e o Segundo brigamos, porque eu queria continuar na linha rap-funk-core que a gente tava levando, já tínhamos feito bons shows e a coisa tava realmente engrenada. Essa fase da banda teve lugar quando o Cão saiu, e entraram o Lucas e o Zé, que faziam tipo uma dupla de MC's. O som tava ficando legal, meio popão, mas eu me empolguei mais foi com a aceitação da galera. Hoje, eu vejo que a gente acabou ficando meio Charlie Brown (logo o quê!). Um belo dia, discutindo com o Segundo na Praça Uiversitária, aquela cena de novela. Xingos e latidos selaram a saída do Segundo, ou melhor, o fim da banda, porque eu nem procurei outro baixista. Uns cinco meses depois, fizemos as pazes e começamos a projetar o fantástico retorno.

cyber - Após a saída do Segundo, a banda acabou por uns tempos pra depois ressuscitar. Como foi esse processo?

Segundo - EU FUI PRO PS&CO ATAQ E PASSEI UNS MESES TOCANDO NO AGAINST.... DAÍ NO SHOW DO MESTRE AMBRÓSIO, ENCONTRAMOS EU, O CAMBOJA E O DANIEL E RESOLVEMOS VOLTAR, PORQUE SENTÍAMOS FALTA DO CORJA E DE TOCAR JUNTO E TAL. SÓ QUE EU QUERIA PESO E ATITUDE, DAÍ O CAMBOJA CHAMOU O ALYSSON, QUE ERA UM VELHO AMIGO NOSSO, PRA CANTAR E DEU NO QUE DEU....

Daniel - Nesses cinco meses a gente nem se falou direito. Eu tinha planos pra continuar com a banda, mas tava deixando o tempo passar. Um dia, numa festa na casa do Michel (Alcebíades), combinamos de refazer a coisa toda, dessa vez bem mais pesada.

cyber - A partir desse retorno, o Corja se estabilizou com sua nova formação. Vocês finalmente encontraram uma harmonia?

Segundo - ACHO QUE SIM. ESTOU SATISFEITO COM A BANDA HOJE E ACHO QUE OS MENINOS TAMBÉM....

Daniel - Finalmente, da banda só participam agora velhos amigos. Sou amigo do Camboja e do Alisson desde os tempos da finada ETFG (93, 94) e do Segundo há quase o mesmo tempo. Todos estamos gostando do som que fazemos e empolgados, mas sem deixar o realismo de lado.

Alysson - Falar em harmonia é complicado, na verdade encontramos uma desarmonia aceitável, que até agora têm dado certo.

cyber - Como poderíamos comparar o som do Corja do início e o atual?

Segundo - O SOM ANTIGO É APENAS UM ELEMENTO DOS MUITOS QUE USAMOS HOJE. NÃO DÁ PRA NEGARMOS NOSSAS RAÍZES, TEM ALGO DAQUILO QUE ROLOU EM 99 DENTRO DA GENTE, NÃO DÁ PRA NEGAR. ATÉ ALGUMAS MÚSICAS DAQUELA ÉPOCA CONTINUAMOS TOCANDO, SÓ QUE NUMA NOVA ROUPAGEM.

Daniel - Você pode dizer que a semelhança é a vontade de fazer o povo pular. Apesar de nossas influências serem basicamente as mesmas de antes, a verdade é que nós (à exceção do Alisson), aprendemos a tocar nossos instrumentos no decorrer da evolução da banda. Nunca fizemos aula de nda. Quando eu e o Segundo montamos a Corja, eu tinha sentado duas vezes em uma bateria, só pra brincar.

Alysson - Ouça as demos.

cyber - O Corja pode ser considerado uma banda de hardcore, new metal, rapcore ou o quê?

Segundo - ISSO É DIFICIL DE RESPONDER, TEMOS INFLUÊNCIA DE TODOS ESSES ESTILOS. MAS NÃO NOS CHAME DE NEW METAL..... NEM DE HARDCORE... NEM DE RAPCORE.... TEMOS ELEMENTOS DISSO TUDO, ALÉM DE OUTRAS COISAS, COMO THRASH, DEATH, GRINDCORE, PSICODELIA. SOMOS BASTANTE DIFERENTES EM QUESTÃO DE GOSTO MUSICAL. EU, POR EXEMPLO, GOSTO PRA CARALHO DE HC E OS MENINOS NÃO GOSTAM MUITO.... CADA UM TEM SUAS PROPRIAS INFLUÊNCIAS E A GENTE JUNTA TUDO...

Daniel - Gostamos muito de hardcore, de rapcore e um pouquinho de nu metal. Mas não tocamos nem um nem outro especificamente. Alguém que gosta de hardcore vai achar que a gente é muito heavy metal, quem gosta de metal vai achar muito hardcore pro gosto dele e assim por diante. Se fosse pra definir, usaria um termo novo no quel pensei há algum tempo: riffcore. Na verdade, o som da nossa banda é só riff. Não tem solo, não tem efeitos especiais. A guitarra tem só uma distorção ou distorção nenhuma. Sem firula de espécie alguma. Mas a preocupação com as bases é total. Frases pesadas e meio melódicas (meio, eu disse meio), a la década de 70.

Alysson - Pode chamar de hardnewcorerapmetal.

cyber - Quais outras bandas de Goiânia têm uma afinidade musical com o Corja?

Segundo - O MURDER, C(H)OICE, AGAINST, RESSONÂNCIA MORFICA, DESASTRE, CIRCUNS CREPH, DEFACE, IN BLEEDING.... QUALQUER BANDA DE METAL, NEW METAL OU HC.....

Daniel - Tem o Against, o C(H)oice e o Murder.

Alysson - Eu acredito que o Mob Ape, Ressonância, Mersault, Testemunha Ocular, Murder, Desastre, por aí....

cyber - Um dado interessante sobre o Corja é que a banda nunca tocou em um show organizado pela Monstro. Vocês nunca foram convidados ou é porque vocês se recusam a tocar em eventos organizados por este selo?

Segundo - NUNCA FOMOS CONVIDADOS E NÃO MORREMOS SE NÃO TOCARMOS. TEM NEGUINHO QUE SE MATA E MORRE SE NÃO TOCAR NO GYN NOISE E FICAM BABANDO OVO E PAGANDO PAU PRA MONSTRO. NÓS NUNCA IREMOS FAZER ISSO. SE OS CARAS CHAMAREM A GENTE TOCA IGUAL TOCAMOS EM QUALQUER LUGAR. NUM TEM DESSA. MAS NÃO ACHAMOS QUE ELES SÃO OS SALVADORES OU A EXPRESSÃO MÁXIMA DO ROCK GOIANO COMO ALGUNS DIZEM. ELES FAZEM O TRABALHO DELES E RESPEITAMOS ISSO. MAS TEMOS VERGONHA NA CARA.

Daniel - O negócio é que eles nunca chamaram e a gente nunca pediu. A Monstro é uma coisa boa pros goianos só porque põe o estado no circuito nacional com grandes letras. O problema é o direcionamento dado pelo selo, que a gente nota pelos esquemas dos festivais, dos shows e tudo mais. Não é feito pra todo mundo. Os caras não estão nem um pouco preocupados com o verdadeiro cenário independente goiano. Eles se preocupam com o cenário independente goiano DELES. É tudo macaco velho que tá mais preocupado com a promoção do próprio nome e da própria banda do que com a formação de um público maior que aquele que caiba no Pyguá sem lotar muito. Fala sério: um festival, que parece mais a Feira da Lua (pelo ambiente e pelos freqüentadores), que é caro (muito caro), com câmera de televisão pra todo lado e todo mundo querendo aparecer mais que o outro, não pode ser chamado de independente. A gente não tem NADA a ver com a Monstro.

Alysson - Que eu saiba nunca fomos convidados, e acho que nunca convidarão. Mas caso ocorra, utilizaremos o espaço, pra fazer tipo um 11 de Setembro.

cyber - O Corja já teve quatro vocalistas diferentes. O que mudou na banda com a entrada e saída de cada um desses?

Segundo - CADA VEZ QUE UM SAIU, A BANDA MUDOU COMPLETAMENTE. AS MÚSICAS, AS VEZES ATÉ O ESTILO DO SOM.... TEMOS UMA FORMA DEMOCRÁTICA DE LIDAR COM A BANDA. CADA UM EXPÕE SUAS IDEIAS E NÓS FAZEMOS AS COISAS DE ACORDO COM O QUE A BANDA PENSA, NÃO COMO UM OU OUTRO PENSA. ENTÃO, UMA PESSOA NOVA SIGNIFICA INFLUÊNCIAS NOVAS E UM NOVO JEITO DE ENCARAR AS COISAS. DAMOS LIBERDADE A NÓS MESMOS DE PENSAR E AGIR SOB NOSSAS PRÓPRIAS IDÉIAS E OPINIÕES, NÃO TEM LIDER, NINGUÉM MANDA EM NINGUÉM. SE A MAIORIA CONCORDAR, É FEITO. ENTÃO CADA VOCALISTA QUE ENTROU DEIXOU SUA MARCA DE ALGUMA FORMA NA BANDA.

Alysson - Os vocalistas, ora!

cyber - O Corja foi a única banda de Goiânia que se apresentou no Forum Mundial de Cultura, em Porto Alegre. como foi tocar nesse evento?

Segundo - DOIDO DEMAIS... TINHA UMAS SEI LÁ QUANTAS MIL PESSOAS ASSISTINDO. FOI UM TESTE E TANTO PRA GENTE, QUE TAVA ACOSTUMADO A TOCAR SÓ EM SHOW TOSCO EM GOIÂNIA. NO COMEÇO A GALERA ESTRANHOU MAS NO FINAL ERA SÓ NEGUINHO PULANDO E DANDO MOSH. FOI MUITO FIGURA....

Daniel - Foi ótimo porque, além de sermos a única banda goiana, fomos a única banda de fora do RS a tocar lá. Foi lindo, só tinha doidão de todo canto do planeta. Foram cinco dias de "oh!". Gente pelada pra cima e pra baixo, suruba do lado da sua barraca, fármacos e naturais pra todos; enfim, clima perfeito. O show em si foi grande, umas 2500 pessoas só na frente do palco, fora a galera gigante que estava no acampamento.

Alysson - Foi du caralho, rolou uns contatos legais. O único problema foi o retorno, que estava uma merda, mas a recepção da galera foi massa.

cyber - O EP que vocês estão gravando chama-se "Fogo na Patricinha". O que significa isso? É um incentivo à violência, ao assassinato e ao linchamento ou é uma expressão de conteúdo sexual subentendido?

Segundo - NENHUM DOS DOIS. É SÓ UM DESEJO DE EXTERMINAR A BURRICE DA ELITE BRASILEIRA. FOGO NA PATRICINHA É UMA METÁFORA. A PATRICINHA É O SÍMBOLO DO CONSUMISMO SHOPPING CENTER ACENTUADO NOS ANOS 90, E QUE HOJE ESTÁ CHEGANDO A NÍVEIS INSUPORTÁVEIS. NÃO QUEREMOS QUEIMAR, MATAR NINGUÉM. QUEREMOS APENAS QUE AS PESSOAS PERCEBAM QUE O MUNDO É MUITO MAIS QUE UMA ROUPA DE GRIFFE E UMA VIDA DEDICADA EXCLUSIVAMENTE AO ACÚMULO DE CAPITAL. PATRICINHA É AQUELA MINA QUE NUM TEM NADA NA CABEÇA E SÓ SABE COPIAR. É UM LANCE MEIO DEAD KENNEDYS SACA? TIPO CHEMICAL WARFARE, ONDE O JELLO BIAFRA CANTA A HISTÓRIA DUM CARA QUE ROUBA ARAMAS QUÍMICAS E VAI PRUM COUNTRY CLUB E JOGA NAPALM NOS RICAÇOS E FICA RINDO DE VER ELES MORRENDO. É SÓ A PSICOPATIA SOCIAL LEVADA AO EXTREMO DA IRONIA. QUALQUER PESSOA QUE LER A LETRA DA MÚSICA VAI SACAR QUE NUM TEM NADA A VER COM VIOLÊNCIA NEM CONOTAÇÃO SEXUAL E SIM COM UMA IDEOLOGIA FALHA IMPORTADA DOS EUA QUE ESTÁ A CADA DIA AFUNDANDO MAIS O PAÍS.

Daniel - Pra começar, nenhuma música nossa é um hino. Muita gente vai ouvir essa música e nos chamar de sexistas, ou de incitadores da violência, ou de intolerantes. Mas eu posso muito bem falar de laranja e estar pensando em banana. O Segundo, que fez a letra e a música é que deve responder, mas quanto a mim, eu só vou discitir o assunto com quem for capaz de me dizer o que são metáfora e hipérbole.

Alysson - É violência declarada contra os cuzões, os(as) caretas, e principalmente contra a futilidade, ser Patricinha é ser fútil, então fogo na futilidade.

cyber - O Corja pode ser considerado uma banda séria?

Segundo - PODE E DEVE. TEMOS UMA MENSAGEM PRA PASSAR NAS LETRAS E NO SOM, REPRESENTAMOS OS ÚLTIMOS ESPÉCIMES DE ROCK COM ATITUDE NESSE RAIO DE CIDADE E TALVEZ ATÉ DO BRASIL.

Daniel - Se a banda é séria porque fala de coisa séria, tudo bem.

Alysson - Não, nós não conseguiríamos este feito, aliás o que é ser sério quando queremos é a algazarra, é pulverizar os agenciamentos dessa sociedade hipócrita que se diz séria, bem como os merdas que se dizem alternas ou underground, mas que são um bando de aproveitadores que estão só esperando um contrato da Sony, Somlivre, etc.

cyber - Quais são as bandas prediletas do pessoal do Corja? Gringas, nacionais e de Goiânia.

Segundo - AS MINHAS:RAMONES, CLASH, SLAYER, BLACK SABBATH, NAPALM DEATH, FAITH NO MORE, SYSTEM OF A DOWN, DEAD KENNEDYS, RANCID, NOFX,QUEENS OF THE STONE AGE, AT THE DRIVE IN, MUTANTES, TOLERÂNCIA ZERO, SEPULTURA, RADIOHEAD, PAVEMENT, NAÇÃO ZUMBI, MUNDO LIVRE S/A, A BARCA DO SOL, TOM ZÉ, RDP, OLHO SECO, CÓLERA, DISCHARGE, EXPLOITED, CHAOS UK, SWINGIN UTTERS, AFI, ENTOMBED, ANTHRAX.
DE GYN: MURDER, AGAINST, HANG THE SUPERSTARS, CIRCUNSCREPH, TSAVO, RESSONÂNCIA MORFICA, IN BLEEDING, CIRCUNS CREPH, NOXIOUS SPIRIT, C(H)OICE, JUST ANOTHER FUCK, DEFACE, DESASTRE, TÊM TANTAS.....

Alysson - Pessoalmente gosto do Murder (se não fossem certos problemas seria a melhor banda de Goiânia), as outras que citei acima entram nessa, aí tem o Death Slam e o Terror, que são bandas du caralho. Outras de fora seriam Brujeria, Slayer, Sabath, Led, Thaide e Dj Hum, SP Funk, Public Enemy, Rage Against, e por aí vai.

cyber - Existe alguma banda ou algum tipo de evento ou programa ao qual o Corja se recusaria a participar?

Segundo - TOCAMOS EM QUALQUER LUGAR, DESDE QUE NÃO SEJA NA GRANDE MÍDIA E COM PESSOAS OU EMPRESAS E INSTITUIÇÕES QUE ACHAMOS NOCIVAS À HUMANIDADE NUM CONTEXTO GERAL. TIPO MULTINACIONAIS E PROGRAMAS DE TV DO ESQUEMÃO GLOBAL...SOMOS UNDERGROUND ATÉ A MORTE....

Daniel - Fora velório, tamo dentro.

Alysson - Bandas sexistas, nazistas, estas não rola. Agora evento, acredito que um comício, não iria dar...

cyber - O que vocês acham dos rumos que o rock de Goiânia está tomando?

Segundo - CARA TÁ LEGAL, O POVO SÓ TEM QUE LEMBRAR SEMPRE QUE AQUI NÃO É LONDRES (VALEU HTS!!!!)

Daniel - Eu acho que o rock não tem que tomar rumo nenhum. Tem é que bater a cabeça. O que tá acontecendo aqui e que é terrível a falta de lugar pra tocar. Fora os clássicos DCE e Martim (que estão longe de serem ideais), tudo o que temos são barzinhos efêmeros, freqüentados pela playboyzada, caros e distantes. Falta uma bar de verdade, com um palco de verdade, que queira ganhar dinheiro trabalhando, vendendo, em vez de explorar as bandas que tocam de graça, cobrando dez reais pra ficar dentro de um cubículo ricamente decorado.

Alysson - Se ilude como sempre... aqui é cada macaco no seu galho, precisa-se ficar esperto pro tapete não ser puxado.

cyber - Com relação ao Corja, quais são as metas que vocês desejam atingir?

Segundo - TOCAR EM TODO O PAIS. GRAVAR DISCOS COM UMA DISTRIBUIÇÃO BOA SEM SAIR DO ESQUEMA UNDERGROUND, TIPO BANDAS COMO O RDP, MUKEKA DI RATO, KRISIUN, GARAGE FUZZ, QUE TOCAM EM TODOS OS LUGARES E SÃO RECONHECIDAS E NÃO PRECISAM SE VENDER.

Daniel - Desejo sinceramente chegar a gravar um disco de verdade e fazer uma turnê pelo Brasil. Acho que agora isso não está tão distante assim. Só depende de organização e vontade.

Alysson - Tocar pelo Brasil afora, já seria de grande valia.

cyber - Que mensagem vocês vão deixar para a garotada que curte som pesado?

Segundo - NÃO DEIXE SE LEVAR POR RADICALISMOS E MENTE FECHADA, TENHA SEMPRE MENTE ABERTA PRA NOVAS INFLUÊNCIAS, PROCURE SABER SOBRE O QUE SUA BANDA PREFERIDA ESTÁ FALANDO. NÃO SEJA MAIS UM IDIOTA CONSUMISTA, TENHA CONSCIÊNCIA DE QUE O MUNDO PODE MELHORAR COM UM ESFORÇO COLETIVO. FAÇA SUA PARTE, AJUDE A DERRUBAR PRECONCEITOS, VELHAS MORAIS FALHAS E DEMAIS IGNORÂNCIAS. LUTE POR UM MUNDO MELHOR E NÃO SE ALIENE NUM MUNDINHO LIMITADO. FAÇA ALGUMA COISA PRA MELHORAR O AMBIENTE QUE VIVE PREZANDO O RESPEITO, A UNIÃO, A CULTURA, A ÉTICA, A HONESTIDADE E DEMAIS VIRTUDES QUE FALTAM AO SER HUMANO. LUTE, LEIA, PENSE, CONCLUA E AJA.....

Daniel - Que continuem sem dar moral pra todo mundo que diz que seu cabelo é feio, que sua roupa é de marginal, que seus amigos são um bando de maconheiros, que suas notas estão baixas, que desse jeito você nunca vai pegar mulher (ou arranjar namorado) e que já está passando a hora de tomar um jeito na vida. Continuem dizendo a eles, com todo o ar dos pulmões: VÃO À MERDA, HIPÓCRITAS. EU QUERO É ROCK!

Alysson - Aí moçada, antes de tudo devemos respeitar a diferença, pois de certa forma quem houve um som alternativo, em relação ao comercial, sempre sofre um estigma; portanto, antes de tudo respeitar apesar das críticas e construir uma atitude libertária não só individual mas coletiva; tipo assim, eu respeito o outro, mas tenho minhas ressalvas. Então, é colocar nossas opiniões sempre. Olha, hoje eu devo muito ao underground pois se não fosse ele, talvez eu estaria tendo uma visão de mundo como a que a Rede Globo ou a mídia em geral nos passa. Hoje compreendo um pouco da nossa condição de miséria e subjulgo, portanto não sou subserviente. Acredito que podemos mudar e essa mudança começa dentro de nós, música é liberdade e com ela podemos nos libertar das amarras desse sistema vil e narcísico. Nietzsche lá no século XIX já nos alertava: “A vida sem a música seria um erro”.

Alexandre Barbosa

Entrevista concedida ou site cybergoias.com em julho de 2003.














quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Entrevista com André "Porcão" Donzelli- Tendencies Palmas TO



Quando eu era criança pequena na cena underground goiana lá pelos idos de 1995,96 mais ou menos eu sempre via uma figura estranha e rotunda e que meus amigos sempre diziam: "Ah lá o pai do Segundo". Esse cidadão era o André Donzelli, conhecido por Porcão e sempre ia em todos os shows e eu pirava praquele gordão cheio de tatoos que morava em Trindade, com um respeito por gente mais velha que só a cena underground dos anos 90 pode propiciar. Os anos passaram e eu tomei meu lugar na cena também e ai que eu fui conhecer o Porco melhor, mas nisso ele já tava em Palmas e montando o bar dele, o Tendencies. O Porcão é uma figura importante pra cena de Goiânia, pra cena de Trindade e pra cena de Palmas e isso é o bastante pra respeitar a figura mesmo com alguns conflitos ideológicos que eu tenho com a Abrafin e o Fora do Eixo, grupos dos quais ele faz parte. E do fator do cara não levar as bandas da Two Beers pra tocar por lá apesar da nossa insistência em querer muito tocar em Palmas, infelizmente desde 2004 a gente tenta armar mas nunca rola... Além desse esquema de produzir shows e festivais e de ter o bar o Porco ainda é o vocalista de uma das bandas mais figuras da cena HC nacional que é o Baba de Mumn-. Tocando fantasiado e queimando bíblias o cara causa furor nos shows... Porém nem tudo são flores nesse mundo... e essa entrevista que a gente vai publicar aqui no Beerblog é meio tensa. Foi publicada por lá e não teve a devida repercussão ou debate, então eu estou cedendo o espaço do blog para ver se ajuda a espalhar a entrevista que por sinal ficou muito bem feita!

Quem fez a entrevista foi a Patrícia Vasconcelos, aquela que ficou famosa nos shows da TBonTB fazendo a deliciosa Caipriniha de Melancia em alguns shows que a gente fez por volta de 2008. Agora ela tá morando em Palmas e frequenta a cena de lá e espero que essa entrevista seja apenas a primeira de várias contribuições da garota pro Beerblog! Sem mais delongas, vamo lá com a entrevista!


Entrevista Inédita com André Porcão do Tendencies!

Por Patrícia Vasconcelos Bugsy Malone.

@patriciavfo

O texto abaixo contém vocabulário coloquial, gírias e termos censuráveis.

André Porcão é Proprietário do Tendencies Rock, em Palmas, na Avenida LO 03. O “complexo” Tendencies inclui estúdio de ensaios musicais, bar, palco coberto com boa aparelhagem para realização de shows, espaço ao ar livre para o público, mesas de bilhar, loja de CDS, camisetas e acessórios, Piercing e Tatuagem. André é idealizador do Tendecies Rock Festival, um dos dois maiores Festivais música underground alternativa do estado, junto com PMW. Já tocaram em seus shows bandas como Raimundos, Blaze Bayley, DFC, dentre dezenas de outras de renome nacional e internacional.

Durante o 7º PMW Rock Festival, fomos aos bastidores, e aproveitamos para entrevistar André Porcão. Após o show de sua banda Baba de Mumm Ra, o vocalista nos deu um minuto de seu tempo e respondeu à questões polêmicas que todos os rockeiros do Tocantins queriam saber!

Porto Na Web: Gostaríamos de saber quais suas principais influências musicais.

Porcão: Minha formação é Hard Core, mas dizer assim “sua influência” é complicado porque eu tenho 25 anos que estou no rock e tal, já escutei de tudo, e o que eu acho bom eu escuto até hoje. Mas influências da Baba de Mumm Ra, assim, é difícil falar, vira e mexe eu apronto umas nos ensaios que nem o pessoal da minha banda acredita, saca? Mas influências da Baba são Grind Core e o Brega que é uma coisa que agente curte para caralho, todos os integrantes curtem muito. Basicamente são, Grind Core, Brega, Ska e Black Metal.

PNW: A próxima pergunta eu formulei com base em boatos que rolam na cidade. O que você acha quando dizem que você monopoliza a cena underground de Palmas?

Porcão: Cara, eu vou falar o seguinte. Para mim, monopólio é igual a posto de gasolina, onde você monta posto atrás de posto e os outros têem que pedir autorização pro cara lá em cima pra colocar seu preço. E eu, eu sou o único que tem coragem de fazer alguma coisa.

PNW: Então é uma questão de pioneirismo e não uma questão de monopólio?

Porcão: Eu queria muito que não existisse isso. Um festival desse como o PMW, cara eu amo isso de coração, porque tem aparelhagem boa, boas bandas, eu também toco e me divirto muito, e tipo assim, desculpa a sinceridade, mas se tiver prejuízo ou não eu não to nem aí. Diferente do Tendencies Festival (festival de grande porte realizado todo ano pelo entrevistado), tem Tendencies que eu nem toco, fico tenso, penso “nossa será que vou tomar prejuízo, vai quebrar isso , vai quebrar aquilo”. Eu queria, e queria MUITO, que não houvesse esse monopólio. Queria fazer meu festival e não ter mais datas livres pra fazer outras coisas. Queria que todo mundo fizesse, mas infelizmente eu sou o único, e sou incentivador. Falar bastante gente fala, mas por o seu na reta, arriscar grana, aí é difícil



PNW: Gostaríamos de saber qual a sua relação e a relação da sua banda com os meninos da banda Mata Burro, vocês são amigos pessoais, rola um favoritismo?

Porcão: Amigos pessoais, somos amigos pessoais sim. A banda surgiu dentro do Tendencies e sou amigo pessoal de todos os membros da banda, desde então, agente tá junto, bebe junto. Quando um de nós está no prego o outro ajuda. Mata Burro é parceiro e amigo.

PNW: O que você tem a dizer sobre o público rock, teoricamente, em termos vulgares, “pagar Pau” para você?

Porcão: Na verdade eu acho que eu sou corajoso, gosto de rock, acredito no que eu faço, e diante disso, as pessoas acabam me vendo como referência. Não existe essa de paga ou não paga. Tem nego que desce a lenha em mim, mas foi lá no show do Blaze Bayley (Ex vocalista do Iron Maiden, que tocou no Tendencies esse ano ) Então é o seguinte: se acham que o que eu faço não é bom, porque não vai e organiza? Não organizam nem uma banda aqui em Palmas mesmo, então... Existe um monte de gente assim no tocantins, tem um monte de formador de opinião, que tem liderança e tal, que fala fala e tal, mas eu aqui... Eu perdi uma casa para construir o Tendencies. Quem tem coragem de fazer isso?




PNW: No final das contas Porcão, valeu a pena sair de Trindade – GO, e vir aqui pro Tocantins investir e ser pioneiro na cena Rock?

Porcão: Primeiro, a decisão de vir pra cá, foi por causa de um outro emprego que eu tinha, então não rolou isso de vir pra ser pioneiro. Eu cheguei aqui com meu serviço arrumado e tentei dar continuidade ao que eu fazia em Trindade e Goiânia. Passei seis meses morando em Hotel, aí assim que a empresa me efetivou aqui e eu fui promovido, eu me mudei pra uma casa e comecei a pôr as manguinhas pra fora. E comecei a chegar aos caras que organizavam alguma coisa. Cheguei no Alberto que organizava os Racans, e disse “Cara vamo por uma estrutura nisso daí, isso tá muito ruim”. Não tinha iluminação, o cara não podia fazer uma distorção, tinha pedal, mas não tinha cubo. Aí de repente do nada, eu pensei “ Cara, já que vou ficar aqui, vou montar uma loja de rock’n roll”, que é o sonho de qualquer rockeiro. Isso tudo paralelo ao meu serviço. Montei a loja e os caras falaram que eu era doido, doido, doido da cabeça de montar uma loja de rock no Tocantins... Aí passou nove, dez meses, um ano, a loja deu certo. Ela começou a se pagar. Aí o que acontece, Vou fazer um festival com o nome da loja, e foi o Primeiro Tendencies. Aí sempre tocava banda de amigo meu. Aluguei um som decente, grandão. Se tomei prejuízo, é claro! Mas foi sensacional cara. Hoje toca DFC, Macackongs, show grande, estrutura grande e tudo o mais...

PNW: Sobre seu show de hoje. Teoricamente algumas bandas convidadas para tocar aqui no festival PMW foram escolhidas via votação na internet. E no meio do seu show você convidou os meninos do Mata Burro – que não foram selecionados pra tocarem no festival – para subir ao palco. E durante suas clássicas performances você destruiu com uma guitarra um monitor. Isso foi uma forma de protesto contra essa seleção que foi realizada para o PMW?

Porcão: Não, Não. São duas coisas separadas, totalmente diferentes uma da outra. Primeiro o Mata Burro. Não chamei o Mata Burro pra tocar no PMW. Chamei pra tocar com a Baba, junto com a família Baba (referindo-se à sua banda Baba de Mumm Ra). Todo show agente apronta alguma coisa diferente. E dessa vez foi convidar o Mata Burro pra tocar uma música nossa enquanto agente ficava só bebendo e se divertindo em cima do palco. Mata Burro são nossos amigos, chamei não pro PMW, mas pro nosso show da Baba. Tanto que a presença deles não durou nem um minuto. Já a questão do monitor, é porque eu não agüento cara, 300 canais religiosos, mais 200 canais de venda on line. Toda a mídia do mundo que nego pode comprar, compra e coloca o que quer. Não colocam uma coisa legal. Eu hoje, sou um cara mal informado, assumido, porque não assisto canal de televisão aberta. Me falam “você viu? Mataram tal pessoa” e eu não sei, sabe porquê? Por que eu procuro coisa legal pra ver. Tenho tevê por assinatura e assisto a shows, documentários, jornalismo, meio mundo de coisas. Então, mataram tal pessoa e o criminoso ficou impune? Eu mudo pro programa de culinária.Eu tento fazer minha parte. Nego fica seis meses falando de caso Nardoni, Bruno, porque ninguém fala daquela ONG que amparou 300 velhinhos? Porque ninguém fala isso? Aí dois meses depois não falam que a ONG conseguiu um curso de xadrez pros velhinhos. Porque? Só falam o Bruno peidou, o Brunou cagou, a vítima era atriz pornô, cara.... E o Brasil, e a cabeça, e a boa vontade???

PNW: Sem te conhecer pessoalmente eu arrisco a dizer que seu estilo favorito é Hard Core. No entanto, todas as bandas locais que te apresentam, você sempre elogia. Isso é uma forma de incentivo ou uma mera tentativa de cultivar público?

Porcão: É uma forma de ter a cabeça boa. Não é porque eu não gosto que a banda é ruim. Exemplo Boddah Diciro. Eu os considero a melhor banda de Palmas, e eu não gosto do estilo. Eu só gosto de duas músicas deles. Uma eu gosto bastante e a outra eu gosto mais ou menos. E mesmo assim eu acho a melhor banda do Estado. Os caras são articulados, são organizados, se você ligar agora pros caras tocarem, eles estão prontos. Então a questão é o seguinte, se é bem tocado é bem feito, independente de eu gostar ou não, é a mesma coisa... Quando eu vou num festival eu ouço pelo menos duas músicas de cada banda pra ter embasamento pra pelo menos falar mal. Posso achar uma bosta saca? Mas eu vejo. Eu gosto de Hard Core, de Grind Core, de Brega, tal, mas eu sei distinguir uma banda quando ela é boa, quando ela é ruim. Eu sei quando uma dupla sertaneja é ruim ou quando é boa.

PNW: Porcão, cidades como Goiânia, com 2 milhões de habitantes não tem nenhum local estabelicido (destinado ao underground) como aqui em Palmas que tem 180 mil habitantes, com a estrutura que você tem, que é o Tendencies. Alguém que queira realizar show tem que sofrer para conseguir autorização de lugar, correr atrás de som, mesa, técnico, e aqui não. Aqui você tem tudo isso disponível 24 hrs. Se alguém quiser contratar, quiser fazer um show, existe essa disponibilidade, mesmo a cidade tendo apenas 20 anos de existência. O que você diz sobre isso.

Porcão: Vou te explicar o que é isso. Nego tem que ser porra louca e não pode ser sensato pra fazer o que eu fiz. Tem que ser totalmente insensato. Não sou mais tão insensato assim hoje, mas fui e não me arrependo. Não de arrependo dessas coisas. E coisas que me derem vontade de fazer, eu faço. Hoje eu moro com minha esposa num quarto com uma cozinha e uma áreazinha num espacinho nos fundos do Tendencies. Eu tinha uma casa gigantesca de 250 metros quadrados construída. Vendi pra pagar contas e manter o bar vivo e tal. E eu tenho esperanças de comprar uma casa maior e dar conforto para minha esposa e ajudar minha família. Só que eu fui insensato e cara... Não me arrependo. Eu vivo isso, e o Tendencies é foda e tá de portas abertas pra todo mundo. Fui insensato e sou feliz por isso.

Bem pessoal é isso. Agradecemos novamente ao Porcão pela entrevista e esperamos que tenham gostado! Estejam livres para comentar!!

Texto: Patrícia Vasconcelos ( patriciavfo@gmail.com Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. / twitter: @patriciavfo