quinta-feira, 28 de janeiro de 2010


Manifesto Coprófago
O que entendemos por excremento? O sentido mais específico da palavra é a expulsão dos dejetos fecais de qualquer ser. A merda, as fezes, o cocô são nomes populares de tudo o que é classificado como resto de metabólito. Merda é sinônimo de fedor, de repulsa, asco, nojo, coisa maldita e malfeita.
Mas, por que essa ênfase nas características negativas da merda? Não possuiria ela um lado bom que a redimisse de todos os seus aspectos repulsivos? Sim, claro que sim. A merda é o adubo, a merda é a matéria orgânica que se colocada à raiz da árvore, alimenta a planta e a faz crescer e frutificar. A merda é o início do alimento e o final dele. A merda se alia ao chão para que a humanidade e as outras espécies não pereçam. Então o que classificamos como sujo e infecto é na verdade o que nos dá vida e energia.
E logo se a merda que é uma coisa renegada tem a sua (grande) fatia de participação na criação e na sobrevivência, tudo o que achamos que é essencial para a criação e para a sobrevivência tem a sua fatia de asco, de repulsivo, de fedor, de nojo. Tudo que o ser humano classifica como bom, como arte, como gostoso, como essencial para a vida e para a invenção tem o seu lado ruim, o seu lado manipulador, o seu lado merda. Desde que nascemos somos educados por uma família opressora, por um Estado opressor, por uma escola opressora e na maioria dos casos por uma religião opressora. Este é o nosso lado verdadeiramente merda e o q a sociedade define como merda na verdade pode ser prazeroso; o q ela diz ser supremo na verdade é grande merda. A sociedade é uma merda, tudo que ela produz é merda. Logo você ingere fala e ouve merda. Olhe ao seu redor, os meios de comunicação todos tentam passar um sistema fétido de idéias, algo de podre sempre está no ar, nos governos, na rede de saúde, no caráter das pessoas se esconde a verdadeira merda. A sociedade é merda e tudo que ela produz é grande merda. Logo você ingere, vê, ouve e fala merda. Quando nascemos somos obrigados pela sociedade a seguir padrões de comportamento que reprimem a merda. A merda e o chão. Mas verdadeiramente somos a merda. Tudo que somos devemos ao chão e à merda. Cultuar a merda é a forma mais caricata de ser feliz. Cultuemos a merda e o chão. Cultuemos as nossas mais intrínsecas origens. E a forma mais lógica de cultuarmos a merda é começarmos uma revolução social que nos faça refletir onde está escondida a verdadeira merda, o verdadeiro nojo, o verdadeiro asco: num nobre produto do metabolismo ou nas ações/construções sociais que nos cercam. Isso é a coprofagia. Essas são as bases do Manifesto Coprófago. Comamos a merda. Assimilemos a merda . Separemos a merda metabólito da merda humana, façamos uma reconstrução de valores. O que classificamos como merda hoje, que seja o big bang do amanhã e o que classificamos como bom hoje, como valor, como indispensável que seja enterrado, que seja despojado num buraco no chão.

Por Priscylla Alves

há muitos anos antes
há muitos séculos atrás
homens já trabalhavam como animais
há muitos anos atrás, há milênios de antecedência
homens trabalhando com força e paciência
não reclamavam dor, não havia clemência
os grandes imperadores mergulhados na demência
há muitos anos antes, muitos séculos atrás
se trabalhava como nunca se trabalhou jamais
refinados eram os requintes de crueldade
dentro do coração de cada cidade
roma decantada, a paris iluminada
todas erguidas com gotas salgadasde suor
da força do homem melhor.

POr PRiscylla

entrevista com a força ingovernável


A Força Ingovernável está mais forte do que nunca, mantendo sempre a sua visão libertária e a levando incansavelmente ao gueto. O som é um sim ao ideal anárquico e um convite à reflexão sobre o mundo capital, à política externa e interna (diga-se de passagem, podre) brasileira, e ao comportamento humano. Sua raiz de propagação sonora espalha -se pelo solo profundo das periferias e das quebradas, fertilizando as mentes , fazendo com que elas vejam que existe uma verdade incontestável e libertadora no chão escuro da sociedade...Uma verdade que fica camuflada, mas que por eles é mostrada,quando cantam e quando participam de projetos libertários que esclarecem e levam as histórias da realidade à uma população que já cansou de ser enganada, explorada.

Abaixo segue entrevista com eles.



01 - Como a banda surgiu?
A banda vem de varias formações a 1 formação surgiu entre amigos que militavam na ump (união do movimento punk)e com alguns que não militavam.Foi se articulando e montando a banda, alguns integrantes foram entrando depois de a banda já estar estruturada.Atualmente o Rodrigo é o mais antigo e único que está no força des de a primeira formação que não tinha muito a ver com a ideia de propagação de hoje. 02 - Quais são os materiais lançados até hoje?
Bom essa questão é bem delicada por que devemos muito aos camaradas, os materiais que temos são de formaçõesantigas e que não tinham muito a vê com a ideia da banda hoje em dia. São materiais muito ruins e mal gravadosTemos o cd 1 com a primeira formação e depois com uma outra formação gravamos para uma coletanea da FOSP 3 musicasessa gravação ficou pior que a 1. 03 - Como se dá a participação dos integrantes no meio político?
Somos militantes do sindicalismo revolucionario todos, é uma exigencia nossa já que somos uma banda anarcosindicalistamilitamos na FOSP/COB/AIT, em seções diferentes.Alem da militância sindical revolucionaria, levantamos a bandeira do MLB(movimento libertario brasileiro) que muita gente diz não existir e que seja uma coisa inventada da FOSP, lamentamos a falta de informação e ignorância das pessoas que falam issopois não conhecem a historia do anarquismo no brasil.Enfrentamos muito pré conceito de alguns "anarquistas", os mesmos nos compara como militantes do sindicalismo amarelo reformistasão desconhecedores do sindicalismo assim como do anarquismo falam de coisas que menos entendem e isso é muito ruim.Acho que os mesmos que nos criticam nunca pegaram uma letra nossa para ler o que falamos em nossas canções.
04 - Atualmente, uma questão bastante levantada no meio anarcopunk é a união entre anarcopunks e skins anarquistas (RASH's). Qual é a opinião de vocês a respeito dessa união? 1º que rash é uma união de skins marxistas/bolchevistas com "anarquistas" daí perguntamos como pode um anarquista militante ter uniãocom marxista?É água e éleo, não tem mistura.Depois vem a questão do skin no brasil, o que se vê atualmente é tudo baseado na europa, por aqui a coisa é diferente por que aqui começou diferentetipo na europa oi! é musica aqui no brasil é careca, daí do nada aparecem pessoas que se dizem oi! anarquista? Complicado.Entendemos que o que se vê atualmente é uma maré de pagança de pau apenas, tem especulador que fala em movimento damos risada disso pois os mesmos são muito infantis e acham que as coisas se dão dessa maneira.É lamentável em ver hoje em dia os punks juntos com skin mais isso só prova que esses "punks" não se importam com questões políticas para eles é muito fácil andar com skins por que não são contestadores de nada são apenas modistas roqueiros ou seguidores de tendências, o que torna o punk cada vez mais morto do nunca deixando o legado de que punk seja som rebiti e cabelo pintado.Particulamente achamos a cultua skin negativa no meio libertário por que é da cultura skin o uso da violência, o nacionalismo, a intolerancia, e são questões que batem de frente com os princípios anarquista, se lá fora dá certo, e têm skins realmente anarquistas e militantes é outra coisa. Aqui não é lá não, sobrevivemos lá, a nossa realidade é aqui. Se lá ocorre isso, não que dizer que aqui tambem tem que acontecer.Atualmente somos uma das poucas bandas anti oi! de são paulo e até do brasil, quase todo mundo agora anda junto com skin, toca junto.Lamentamos, e geralmente não participamos de sons punk, 1º por que achamos o punk atual muito apatico e ignorante tem informação mais não quer se informarsalvos algumas pessoas claro, e 2º por que atualmente onde se vai tem o modismo skin e seus jargões tipo estampado pra tudo que é lado antifa ouantifascista, porem os mesmos garotos que falam e estampa isso não sabem o que é fascismo tão pouco antifascismo.
05 - Qual é a posição dos integrantes em relação ao vegetarianismo/veganismo?
Questão pessoal, na banda existe vegetarianos de um bom tempo, assim como carnivoros e o respeito é bilateral.Não levantamos o vegetarianismo como bandeira de luta mais sim como uma questão pessoal, uma forma melhor de viver mais saudável assim como o naturismo, apoiamos a questão mais não queremos formar opinião de ninguém em relação a isso. 06 - O que vocês pensam sobre o movimento anarquista no Brasil em relação aos outros países? Existe uma boa aproximação ou deveriam estar mais próximos? O MLB (movimento libertario brasileiro) está em fase de reconstrução assim como a COB (confederação operária brasileira). Fomos muito feridos pela ditadura,e essa nos levou boa parte de nossos materiais assim como imóveis, acabou com organizações jornais e etc.Matou muitos camaradas e hoje em dia o movimento é de praticamente jovens devido a ditadura, e boa parte desses jovens são enganados ou bebem de fontesque rompem com os princípios anarquistas.Já em paises na europa por exemplo se tem um grande número de anarquistas, e muitos anarquistas mais velhos e de princípio, existem até comunidadesrurais anarquistas.Achamos que precisamos estreitar os nossos laços e tornar o movimento do brasil federado a IFA (Federação anarquista internacional).O primeiro passo foi dado aqui em são paulo com a fundação do CRA (comitê de relações anarquistas) já com essa finalidade de aproximar os grupos do brasil inteiro ate que possamos organizadamente desenvolver uma verdadeira federação de anarquistas.
Para terminar, falem um pouco sobre os projetos futuros da banda ou alguma outra coisa que queiram colocar que não foi dito nas respostas. Não temos muitos projetos pensamos apenas em caminhar com nossa luta na verdade, ultilizamos a música como ferramenta e propaganda de luta.Entedemos que a música desperta sentimentos com algo que se identifique, e tentamos chegar ao máximo nesse sentimento nas pessoas que ouvem.Queremos deixar claro que não nos assumimos apenas como banda e sim como um coletivo temos nossos meio de propaganda e agitação desse coletivo, que é o força,e a musica é como se fosse uma ferramenta de propaganda e agitação desse coletivo.Estamos para gravar finalmente e esperamos que no inicio de 2010 nosso material de áudio esteja circulando junto com nossos zines.Pretendemos organizar atividades para ajudar a COB e nessa luta fazer o que gostamos mais de fazer que é falar/tocar diretamente para classe trabalhadora. Grande abraço revolucionário a tod@s camaradas. Para contatos: auroraobrera@yahoo.com.br
Todas as questões foram respondidas por Rodrigo em concenso com os outros camaradas que compõe o força.


Imagem: Salvador
Edição e e Entrevista: Priscylla Alves

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Tape- Verbalize (2010)



O Tape é uma banda nova com influências noventistas declaradas, o que me leva a reflexão... na década passada fomos alvo de revivals infinitos dos anos 80. Desde as boy bands à gripe suína. Os anos 80 foram anos yuppies, onde o poder financeiro era glorificado, o futuro era vangloriado e o segredo do sucesso era o lema. Por outro lado nos subterrâneos a cultura underground existia e resistia trazendo um sopro de criatividade, raiva e atitude os anos 80 foram o berço do synth pop, mas também do grindcore. Da new wave, mas também do death metal e dessa antagonia toda nasceram os anos 90. Uma era de diversidade, mistura de estilos, tolerância e... política. O que era underground virou mainstream nos anos 90, e o politicamente correto tomou conta das mentes mundiais que não imaginariam que esse tipo de atitude seria a desgraça da década seguinte. As intenções eram boas e parecia ser a hora do mundo conhecer aquilo que foi desenvolvido às escuras durante os anos 80. Legalização do aborto, feminismo, vegetarianismo, cabelos coloridos, calça larga e camisa de lenhador. Hip Hop, Trip Hop, Hardcore Melódico,Brit Pop, Indie rock, Música eletrônica. Ecstasy, Raves, grandes festivais de 5 dias com 6 palcos.... se celebrava a "liberdade" ou a vitória do capitalismo? E agora 2010, revival dos anos 90? Se depender do Tape sim e o mais legal desse revival é que nos anos 90 as bandas tinham autenticidade. E isso o Tape mostra, que não é só copiando fórmulas que se faz boa música. O resto a década que vem pela frente virá... enquanto isso vale a pena escutar esse EP...

RELEASE:


Banda de Rock alternativo, com som inspirado em bandas dos anos 90 como Pearl Jam, Alice In Chains, Smashing Pumpkins, Nirvana, Queens Of The Stone Age, Weezer, Bush, Oasis e Pixies.O som da Tape é marcado por guitarras com muito peso e ao mesmo tempo carregadas de feeling, bateria que dita ritmo forte, baixo frenético e vocais graves. São abordadas letras de temáticas variadas, desde o cotidiano, desabafos, analogias à revoltas, introspecção e verdades contadas como mentiras.
Apesar do pouco tempo de atividade, a banda finalizou sua segunda EP e vem sendo elogiada por pessoas da cena alternativa da região e de outros estados, começando a conquistar, pouco a pouco, seu espaço no cenário de Rock alternativo. Sempre realizando shows com muita energia, agressividade, irreverência, qualidade e personalidade, a banda pretende mostrar seu potêncial nos mais diversos lugares.

Tracklist:

Ácido
Estações Vazias
Psicanálise
Poemas Perversos (Para Noites Sujas)
Vandalismo
Verdades e Mentiras

DOWNLOAD

domingo, 24 de janeiro de 2010

Tem alguém aí que acredita???


Escrevi esse texto em 2007, procurando analisar porque uma pessoa resolve dedicar a sua vida à resistência contra os padrões pré estabelecidos pela sociedade burgo-capitalista...  Acho que a intenção é mesmo parar pra perguntar a si mesmo o porque. E aí, você acredita? O underground é uma questão de fé?



 Tem alguém aí que acredita???



Você nasce....

Você cresce.....

Você começa a desenvolver ciência daquilo que quer e daquilo que gosta

Você toma decisões, age,pensa,vive e sofre e principalmente crê em algo e, conseqüentemente, sua vida mais cedo ou mais tarde, acaba por girar em torno desse sentimento de pertencer a algo,de ser algo. No meu caso,  encontrei esse tipo de sentimento participando de forma ativa no underground e em todo o papo de resistência, de buscar a sua identidade, de ser um indivíduo completo;ciente de suas decisões, livres das pressões que a sociedade impõe, um indivíduo que acredita na mudança, acredita que pode construir um mundo melhor, simplesmente porque voce já viu como funciona o mundo real e percebe que ironicamente você não pertence a ele e quer buscar coisas que não vai encontrar no mundo das contas, dívidas,trabalho e finanças em geral. Então, com isso você cria uma utopia e passa a viver num mundo de sonhos. Você mente tanto pra si mesmo que esse seu mundo de sonhos se torna real, você encontra outras pessoas que, assim como você, estão perdidas no mundo real e que encontram seu conforto crendo que tudo pode ser diferente....e você sai acretinando, acreditando e acreditando que naquele pedaço de mundo encontrará respostas que a maioria das pessoas nem entende a pergunta e tudo isso porque você não quer ser igual a todo mundo porque sabe que no fundo você não da conta da vida rotineira que a maioria das pessoas persegue, aquele caminho sem fim ao maravilhoso mundo do ter.....

Daí você percebe que pode fazer a diferença no mundo que é dominado por eles, e assim, você grita para o mundo que tudo nele está errado, você se veste diferente,fala diferente,ouve diferente, tudo isso pra depois chegar uma fase na vida que você não e mais visto como esperança para o mundo, você não e mais a voz  revolucionaria dos jovens e todo aquele lindo discurso poético que antes era aplaudido agora se resume a três palavras:VAI TRABALHAR VAGABUNDO.

Tudo bem eu vou, vou trabalhar,vou construir algo,vou pertencer a algo,vou me tornar algo,vou esquecer que já sou alguma coisa, e as idéias acabam se transformando em contas e tudo que estava errado se transforma em certo, você,se não acreditar em algo alem do que o sonho de ter mais, vai se deparar, depois de tudo que passou e acumulou durante os anos em que viveu uma vida devotada ao trabalho,as contas e a família, que existe dentro de você um grande vazio, que não será preenchido por nada do que você tem ou conquistou, mas sim por aquilo que você deixou de lado, não se importou, deixou de acreditar para venerar a um outro deus, aquele mesmo deus que você um dia condenou. E ai o que vai fazer agora que o tempo passou e você que queria ser tão diferente agora é tão igual?

Será que e mesmo patético ficar velho acreditando nos mesmos ideais de sua adolescência?

Ou mais patético e largar tudo e contribuir para que tudo o que você mais odeia se torne cada vez mais real?

Será que compensa mais ser pobre,bêbado,utópico e saber que não se rendeu? Ou compensa mais seguir o que a vida inteira te falaram ser bom e respeitável?

Estamos cansados de pessoas respeitáveis? Olha o que herdamos das pessoas respeitáveis que um dia puseram flores em seus cabelos e clamaram por liberdade.... herdamos hipocrisia,medo e desconfiança, justamente porque elas não são mais nobres vagabundos, mas senhores respeitáveis.... e os que ficaram são sujos,burros e fedidos, sonhadores que não atingiram a idade adulta, que não amadureceram e que vagam por ai lutando contra moinhos de vento. Acreditaram em outra coisa, se fuderam por isso, mas no fim resta uma enorme diferença, um certo pequeno orgulho que fica dentro de cada um que não se deixa levar por promessas materiais do futuro prospero das propagandas de condomínio fechado, aqueles que sabem que a loira da propaganda de cerveja vai ficar velha, que os sonhos viram pó e que tudo que resta é aquilo que você acredita.

E aquilo que você acredita vai estar no fundo do seu ser mesmo que você mude, mesmo que você esqueça...um dia você vai se deparar com seu velho eu e se questionar se tudo aquilo foi mesmo em vão. Depende de você pra continuar tendo significado, depende de você o curso que sua vida vai tomar, depende de você saber sabiamente aplicar tudo aquilo que você discorda para que as pessoas tenham uma vida mais significativa.... o mundo esta ai pra tomar seus sonhos e transformá-los em frustração, a menos que você não pare de acreditar..... só me resta então perguntar se tem alguém ai que acredita......TEM ALGUÉM AI QUE ACREDITA?

É legal crescer,desde que você não envelheça.

 

Segundo..... 4/12/07



sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Evento: RAIO DE ROCK



          Essa é a terceira edição do Raio de Rock em Trindade, evento promovido por Patrik Alves, organizador de eventos DIY na cidade há mais de dez anos. O Raio de Rock acontece mensalmente no clube Raio de Sol e traz em sua programação bandas de Trindade, Goiânia e Brasilia. A terceira edição do evento vai rolar dia 24/01, domingo, a partir das 13 horas, o que dá tempo suficiente pra galera que for aproveitar as bandas e também a estrutura do clube. Nós vamos estar lá com certeza com a banquinha! 

       Porém, antes disso, no Sábado dia 23/01 vai rolar a pré festa do Raio de Rock no Capim Pub com as bandas Chacina, Overcome e Leila Lopes e discotecagem Hard Rock com os Dj´s Patrik e Fernanda.

      Se rolar cai lá.... 
        

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Botinada- Entrevista com Gastão Moreira


Documentário tem uma certa cara de lição de casa, mas Botinada, dirigido pelo ex-VJ da MTV, Gastão Moreira, é de fato, uma lição de casa para quem gosta de Punk.

Um vídeo que poderia levar horas para contar uma história, conseguiu colocar em meros 75 minutos, importantes fatos do Punk brasileiro e sem esquecer de abordar trechos fundamentais, desde o começo, na Inglaterra, às primeiras bandas brasileiras. Abordando também o contexto em que o Punk foi inserido no Brasil, os movimentos e as dificuldades.

O documentário conta com um precioso trabalho de pesquisa de mais de 200 horas de filmagem,77 entrvistas e depoímentos de pessoas envolvidas com o Punk Rock no Brasil. São imagens raras e detalhes de uma das primeiras bandas Punk brasileira, Lixo, de Belo Horizonte.

Abaixo segue entrevista realizada com Gastão Moreira, realizada no programa Alto Falante, do site Uol, pelo jornalista e músico Terence Machado.

1) Qual foi o maior desafio, a parte mais punk de toda a produção do vídeo documentário? Reunir todo o material já produzido em vídeo sobre o assunto, produzir o novo material ou realizar as entrevistas?

G.M.>> Localizar os punks foi como participar de uma gincana repleta de pistas falsas. E recolher fotos e jornais também fez jus a uma boa novela mexicana. Estava tudo espalhado por aí.

2) Você me pediu uma força pra conseguir algum atalho que o levasse até a Banda do Lixo, que teria sido uma das primeiras do punk rock brasileiro, correto? Existe alguma ligação da Banda do Lixo, com as de São Paulo e outras regiões brasileiras. Ou foi mais um caso de “ovelha desgarrada”?

G.M.>> Acho que a banda do lixo foi uma ‘ovelha desgarrada’, mas repercutiu muito no meio punk de SP. Pena que eles nunca gravaram nada!

3) Por que você deixou, por exemplo, o capítulo sobre o punk brasiliense para os extras? É por julgar que ele foi menor ou menos importante que o todo o movimento formado em São Paulo? Passou um pouco por esse tipo de julgamento ou não?

G.M.>> Chegamos à conclusão que foi o movimento punk de SP que causou o estardalhaço. No exterior nunca chegou nada do Aborto Elétrico, mas sim Olho Seco, Inocentes. Para o resto do mundo foi o punk paulista que existiu. Brasília repercutiu depois, para o pop rock brasileiro.

4) O que mais o surpreendeu, durante todo o processo de produção(algum relato, em especial, ter conseguido alguma cena rara ou captar algo que nem sonhava conseguir)?

G.M.>> Achar aquele cólera na tv tupi, nunca exibido. Me senti o Indiana Jones.

5) Você acredita que foi mesmo a mídia (principalmente, tomando como base a série de depoimentos presente no .doc sobre aquela matéria do Fantástico), que acabou com o movimento punk, no Brasil? Afinal, o País continua produzindo todo o tipo de injustiça, desigualdade e tudo que sempre serviu como matéria-prima e fonte de inspiração para o punk rock, certo?

G.M.>> O movimento punk se retraiu , nunca acabou. E sem dúvida a mídia foi alarmista em relação aos punks e causou uma rejeição em todos setores da sociedade.


6) O que sobrou da primeira geração do punk rock brasileiro? Apenas a parte mais estética(suja, agressiva, com letras de protesto) do som ou nem isso?

G.M.>> Sobrou o mercado independente, as bandas de garagem, a insatisfação, a insubordinação e, principalmente, o ‘faça você mesmo’.

7) Você acha que a nova geração do punk rock brasileira(Blind Pigs, Forgotten Boys, Carbona, Zumbis do Espaço) já renderiam um novo documentário?

G.M.>> Acho que sim, mas eu vou partir para o heavy metal brasuca.

8) Existe algo mais punk do que ter que sobreviver no Brasil, apenas com um salário mínimo ou, em alguns casos, sem nem um salário no bolso?

G.M.>> Por isso Chico Buarque considerou o Brasil como vanguarda do punk. Miséria gera revolta e revolta é a especialidade dos punks!

9) Daria uma Botinada certeira, em alguém do Congresso, se tivesse essa chance?

G.M.>> Adoraria dar uma tortada em toda máfia congressista. Eles desperdiçam o Condão que tem nas mãos de trazer benefícios para população.

baixe o documentario, se é que você já não tem....


Por Danilo Miranda

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

WC Masculino/ Sociofobia: Blasfêmia e Terror (2005)



             Clássico absoluto do hardcore goiano este split CD-r lançado em 2005 ajudou a definir o que seria a cena goiana dos últimos 5 anos. Wc Masculino (depois rebatizado de WCM) e Sociofobia são duas das mais importantes bandas da cena punk/hardcore da cidade atualmente e seus shows podem ser conferidos constantemente pelo público local e também de outros estados. O Split começa com o WC moendo seu hardcore rápido com influências que vão do hc old school clássico ao grind, power violence e crossover  numa mistura muito bem equalizada de estilos rápidos e agressivos. Já o Sociofobia mistura crust, d- beat e thrash metal oitentista e excelentes letras sociopolíticas que fazem a banda ter um estilo único. Quem conhece já sabe o poder de fogo desse split, quem não conhece: melhor apertar essa paradinha verde escrita download ai logo...

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Entrevista com Robert Smith- Revista Bizz Nº 7(1986)





    O que dizer de Robert Smith e do The Cure? O Cure é uma daquelas bandas que é impossível se falar mal. Não tem jeito. Mesmo se não gostar falar que é ruim? Que os caras não tem atitude? Que não têm integridade? Que não levam a autenticidade junto com eles em tudo que fazem? Que são vendidos? Só porque toca no rádio e tem hits massivos como "Boys Don´t Cry", "In Beetween Days", "Close to Me" e "Friday I´m in love", que todo mundo que esteve no planeta Terra nos últimos 30 anos conhece? O The Cure é bem mais que isso. E essa entrevista nos prova a figura carismática e simples que é o sr Smith, que fala sobre a imprensa, futebol,tocar no Brasil, sobre algumas letras do Cure e trabalhos solo de uma maneira integra e autêntica fugindo do clichê do Rockstar, e olha que ela foi realizada logo após o lançamento da clássica coletânea Standing on the Beach, ou seja, no auge do sucesso comercial do Cure.

     Entrevistado por Pepe Escobar na sede da Fiction Records (gravadora independente que lançou o Cure por esse tempo todo). Robert Smith desmistifica a pode de superstar e prova que é preciso bem mais que um visual legal e marketing de gravadora para se fazer música de qualidade. Não é a toa que o Cure dura até hoje com a mesma força de sempre.


     A cozinha da Fiction Records é branca. Imaculada. Ficamos íntimos. Trocamos impressóes durante uma hora, enquanto esperava a chegada de Robert Smith. Ele mesmo, o dândi incurável. É normal. "Fat Bob", como o chamam os amigos, também deu um chá de cadeira- branc quando foi entrevistado para a capa da Face inglesa. Ele não anda de relógio. Nunca. Adora dormir até tarde. Mas dessa vez demorou porque estava trabalhando: tirando fotos promocionais em supermercado.
 
     As histórias sobre pose de superstar são mito. Me pagou uma cerveja e foi extremamente adorável. É uma das pouquíssimas cabeças pensantes do universo rock e pop. Uma pessoa refinada, civilizada. Alguns dias depois, o Cure deu um show impecável no Camdem Palace, com neve lá fora, antes de partir para uma excursão européia. Agora vamos conhecer Bob Smith.


Robert: Gostaria muito de tocar no Brasil. Você acha que haveria muita gente interessada em nos ver? (nota do brogui: um ano depois o Cure veio, em 87; voltou em 96, e até hoje milhares de fãs esperam o retorno do Cure.)

Bizz: Sem dúvida! Nas principais cidades, o grande sonho de muitas bandas é fazer um som inspirado no Cure. De dois anos pra cá, virou um verdadeiro culto.

       Robert: My God!...(sorriso, olhinhos revirados).
       
       Bizz: Soube que você adora futebol, especialmente a Seleção do Brasil. Como é essa história?

       Robert: É o melhor time. Acompanho desde a Copa de 70, quando jogava aquele fantástico Jazinho (nota: ele quiz dizer Jairzinho). Acompanho todas as Copas. Mas não torço pela Inglaterra.

      Bizz: Por Quê? Algum preconceito contra o time do seu país?

      Robert: Não. Contra o técnico. Nunca escolhem um bom técnico.

      Bizz: Você não parece um esnobe. Como é o seu relacionamento com a imprensa musical inglesa, que vive te atacando, e à sua "pose"?

     Robert: Na verdade, eu nunca cheguei a ler jornais e revistas de música. Só
lia quando era adolescente. Os bem idiotas tipo Smash Hits; ou Melody Maker, para saber das fofocas. Nós tratamos a imprensa com reverência. O problema é que a maior parte das pessoas que escrevem na imprensa de música é estúpida. Não gosto delas.

     Bizz: Músicos Frustrados?

     Robert: Seres humanos frustrados! Acho que nos odeiam porque nunca estivemos na moda. E somos difíceis de categorizar. Não existe muita coisa a escrever sobre o Cure.

     Bizz: Há um verso belíssimo em "The Blood": "Estou paralizado pelo sangue de Cristo". Foi uma visão ou você premeditou?

     Robert: Esse verso foi muito mal interpretado. É sobre uma bebida, acho que portuguesa. The Tears of Christ....

     Bizz: Lacrima Christi.

    Robert: Isso mesmo. Me deram uma garrafa e eu bebi inteira, em quinze minutos... De repente, comecei a ter visões! Achei que "as lágrimas de Cristo" seria muito sentimental para um verso. Blood of Chirst é muito mais agressivo. Foi uma licença poética. Adoro o rótulo na garrafa: tem uma madona segurando um bebê e uma garrafa na outra mão... É o melhor uso da santa que vi nos últimos tempos....

   Bizz: Como é a relação com as drogas? O LP Blue Sunshine foi baseado numa série de viagens de ácido, não? (nota do brógui: Blue Sunshine foi um álbum lançado por Smith e Steve Severin, baixista do Siouxie and the Banshees, em 1983, sob o nome de The Glove e, é também um filme de terror trash de 1976 dirigido por Jeff Lieberman.) Além do filme em si...

   Robert: Eu nunca vi o filme. Severin também não. O filme não saiu na Inglaterra. Não sabíamos sobre o que era. É, esse disco teve muito a ver com drogas. Agora eu tento não tomar drogas.

  Bizz: Parou com tudo?

  Robert: Quase tudo. Bem, mas se eu continuar a falar assim, nunca vão me deixar tocar no Brasil... Tomar drogas de qualquer jeito, pode chegar a ser estúpido. Álcool é droga, não? E eu bebo demais. Parei com cigarros, pelo menos. Era meu pior vício.

  Bizz: Muita gente no Brasil associa sua imagem - e até mesmo o som- a viagens de ácido, especialmente em "The Top".
 
  Robert: Não necessariamente. Algumas dessas canções são ligadas a alucinógenos ou à psicodelia. Mas são poucas. Não rende muito escrever canções sobre drogas.


Bizz: Esse romantismo dark do Cure foi premeditado de alguma maneira? É uma brincadeira? Algumas pessoas o tomam muito a sério.

Robert: Antes, chegou a ser uma coisa séria. Em Seventeen Seconds, Faith e Pornography tínhamos uma visão particular do mundo...

Bizz: Uma cosmologia?


Robert: Tínhamos uma idéia do que queríamos fazer, como deveria ser o som, como gostaríamos que as pessoas nos vissem. Depois de Ponography, achei que estava ficando pesado demais. Começamos a atrair muita gente com tendências suicidas, ou gente muito oprimida. Isso tudo só refletia um lado nosso. Depressivo. Não havia diversão. Aí começamos a investir em outro lado de nossa personalidade, em canções como "The Walk" ou "Lovecats". Tudo muito mais "leve"... Agora, no último álbum, acho que estamos bem balanceados.

Bizz: The Cure, agora, é a banda que você tinha na cabeça quando começou?

Robert: Nunca pensei sobre isso. Quando começamos, o Cure que eu tinha na cabeça era o de Three Imaginary Boys. Tudo depende muito de como eu me sinto, porque eu fico na frente, tenho que explicar coisas para as pessoas...

Bizz: As principais decisões na banda são suas?

Robert: São. Tínhamos uma espécie de arranjo democrático, antes. Mas dava muita confusão. Hoje, as pessoas confiam em mim para tomar as decisões certas. Claro, se elas deixarem de confiar, podem ir tocar em outro lugar. De qualquer maneira, todos estão envolvidos. As discussões são todas em comitê. Eu tento, nas decisões, não cometer muitos erros.

Bizz: Você geralmente faz os vídeos com o Tim Poe. Como vocês os roteirizam?

Robert: No primeiro nós tínhamos um story board. Depois, como nós nos conhecemos tão bem, o grupo decide como quer aparecer, e todas as decisões técnicas foram com o Tim. Durante a gravação temos algumas idéias e improvisamos.

Bizz: Foi assim com aqueles pares de meia em "In Beetween Days"?

Robert: Foi. Mas não gosto daquilo. Terrível...

Bizz:  Com tanta excursão pelo mundo, você encontra tempo para si próprio, para relaxar?

Robert: Os primeiros seis meses de 1985 nós passamos gravando, um pouco aqui, um pouco ali. Não fizemos muita coisa. Fiquei em Londres esse tempo todo. Depois ficou mais difícil- tivemos que começar a sair,tocar. Eu adoro ficar trabalhando e compondo no estúdio. E também gosto de tocar no palco. O único problema é que para isso você tem de ficar viajando... Depois de algum tempo, enche. Nos Estados Unidos, então, é insuportável.

Bizz: O que você acha que o Cure representa para um garoto americano lá no meio do country ultra-reacionário?

Robert: O fantástico nos EUA é que lá existe gosto pra tudo. Na Middle America, acho que o Cure tem todas as chances de ser muito mais odiado do que em qualquer outro lugar. As pessoas que gostam de nós são basicamente do mesmo tipo, onde quer que a gente vá.

Bizz:  Sem dúvida. A garotada brasileira não sabe extamente o que você está falando nas letras, mas isso não importa.

Robert: Sim, como na Alemanha, onde a banda é muito popular. No Japão eles traduzem as letras nos discos. Aí começamos a publicar os originais. Antes, não nos importávamos muito em imprimí-los.

Bizz:  Como é sua relação com a indústria da música? Você é obrigado a suportá-la muito a contragosto?

Robert: Nós sempre trabalhamos com a mesma pessoa, Chris Parry. (nota: o diretor da Fiction Records). Nós lhe dizemos o que queremos. E ele dá o recado para o resto. Depois de trabalharmos tanto tempo juntos- uns oito anos-, e depois das pessoas também saberem de nossa relação com a Polydor (nota: atual Universal, major que distribuia os discos do Cure até 2000), nos deixaram em paz. Já sabem que não fazemos o que não queremos. Decidimos desde o dia da assinatura do contrato que nunca pegaráimos dinheiro de gravadora. Portanto não somos obrigados a fazer nada. Só nos EUA existem problemas. Lá, as pessoas querem que você faça sucesso, que seja uma estrela. Eu odeio esse sistema. É uma experiência horrível, similar a do Japão. Tentam fazer com que você se sinta "diferente". Na Europa não acontece. Não sou reconhecido na rua, e não espero que as pessoas me tratem de outro jeito.  Somos um dos únicos grupos que conseguiu escapar das manipulações da indústria. Foi esperteza, mas foi também muita sorte.

BIZZ:  Fale das suas influências literárias.

Robert: Muitas e variadas. Acabei de ler o escritor argentino... Jorge Luis Borges...

Bizz: Que ótimo, o que você leu?

Robert: Labirintos. Brilhante. "Toda novidade é um esquecimento." Ele tem um pensamento brilhante. Tudo que é novo já foi esquecido. Quanto as influências, qualquer um que você mencionar eu provavelmente gosto. Meu passatempo favorito é ler, eu prefiro ler a ouvir música.

Bizz: E quando você compõe, compõe primeiro a música ou a letra?

Robert: Depende. Às vezes é uma frase de cabeça. Às vezes estou vendo televisão e de repente: Ah! Isso soa bem! Eu vou para o gravador e balbucio uma melodia...Encontro música muito mais facilmente do que palavras. Para mim é mais natural compor boas melodias. È difícil, depois de você ler bons autores, como Dylan Thomas, Joyce, achar que escreveu algo suficientemente bom. De qualquer maneira 90% do que eu escrevo não uso. É a razão pela qual não soltamos muitos discos.

Bizz: Você geralmente escreve depois de tomar umas e outras?

Robert: Geralmente sim. Ou quando me sinto muito cansado e acordo no meio da noite. Ás vezes eu me esforço. Em Pornography eu fiquei uns quatro ou cindo dias só bebendo água, e de jejum. Aí me forcei a escrever. Mas nunca vou conseguir fazer isso de novo. Há uns cinco meses que eu não escrevo nada. Geralmente escrevo depois do Natal, porque fico irritadíssimo.

 Bizz: O que você gostaria e fazer fora das ligações perigosas com a indústria da música?

 Robert: A única coisa que estou fazendo no momento é um livro...

 Bizz: Fragmentos, excertos?

 Robert: Não. pior... É mais ou menos uma série de contos. Eu não tenho ambições. Prefiro sempre imergir no que estou fazendo no momento. Não consigo me imaginar planejando alguma coisa. Eu costumo "cair" nas coisas.  Produção, talvez pintura, qualquer coisa. Estrela da natação internacional....

Bizz:  Como te afeta o status de celebridade? Se é que afeta...

Robert: Não afeta. Só antes dos shows, quando fica aquele monte de gente em volta, pedindo autógrafos, fazendo perguntas. É um pouco estranho. No restante do tempo, me deixam em paz. Hoje fui ao Selfidge´s (nota: conhecida rede de lojas de departamento inglesa) e ninguém falou nada. Isso tudo é um mito que a mídia gosta de perpetuar. Faço tudo o que faria normalmente: ir para casa, ver TV, sair até o pub da esquina. A única vantagem, é a de ganhar dinheiro fazendo uma coisa que dá prazer. Mas de repente você começa a pensar em si mesmo na terceira pessoa. Por isso durante algum tempo, saí do Cure e fui tocar com os Banshees. Eu só conseguia olhar pra mim e me ver como Robert Smith do Cure, e não como eu mesmo.

Bizz: Quando você é confrontado com essa mitologia, fica com raiva?

Robert: Sim, quando as pessoas esperam uma certa atitude minha. Por exemplo, há pouco, em Nova York, nós passamos o dia inteiro na Tower Records, autografando discos.  Foi muito chato. Mas havíamos prometido. De noite houve o concerto. Foi ótimo. Saímos e voltei para o hotel as seis da manhã, completamente bêbado. Às onze da manhã recebo um telefonema da recepção- alguém queria que eu descesse para uns autógrafos. Eu disse: " Não dá, estou muito cansado". Logo depois vem uma carta lá de baixo dizendo: " Você não passa de uma estrela metida. Nós viemos aqui só para falar com você, e você não se digna a nos receber". Como é possível explicar? Por isso não me promovo como alguém famoso.

   Bizz:  Para encerrar: o que você tinha na cabeça quando resolveu montar uma banda? Auto-expressão? Um jogo? Flerte com a fama?
   
   Robert: Originalmente, era uma coisa muito séria. Eu tinha 16 anos. Fui ver os Stranglers. Achei ótimo. Pensei:  Gostaria de estar numa banda. Pensei mais um pouco e vi que dava para montar uma banda própria. Eu queria ser visto como uma alternativa, fora do consumismo musical. Nós não somos assim tão diferentes, tão revolucionários, tão radicais. Mas, enquanto nossa diferença em relação ao que está aí estiver clara, estou feliz. Fazemos nosso trabalho a sério, mas também nos divertindo. Senão seríamos apenas amargos como o Fall, por exemplo. Hove também uma outra razão para montar uma banda: eu nunca queria ter que acordar cedo de manhã....


Baixe dois discos clássicos do The Cure:

Seventeen Seconds (1981) Deluxe Edition


Japanese Whispers (1983)











segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

MQN- Television in Full Color (1998)



        O filósofo, antorpólogo, historiador e teórico crítico da Escola de Frankfurt, Walter Benjamin(1892-1940), revolucionou a narrativa histórica em seu texto "O Narrador" de 1933. Neste texto Benjamin discorre acerca de como a narrativa vem perdendo espaço no mundo moderno com o advento do romance e da informação. 

      Para ele o  romance é um gênero literário estritamente vinculado ao livro ao contrário da narrativa, que se baseia em relatos da experiência e no senso prático de se transmitir a sabedoria da experiência. “ O que distingue o romance das outras formas de prosa é que ele nem procede da tradição oral, nem a alimenta. Ele se distingue, especialmente, da narrativa. O narrador retira da experiência o que ele conta: sua própria experiência ou a relatada pelos outros. E incorpora as coisas narradas à experiência dos seus ouvintes. O romancista segrega-se. A origem do romance é o indivíduo isolado, que não pode mais falar exemplarmente sobre suas preocupações mais importantes e que não recebe conselhos nem sabe dá-los. Escrever um romance significa, na descrição de uma vida humana, levar o incomensurável a seus últimos limites”(Benjamin, Obras Escolhidas vol1 p. 201)  

         No que diz respeito à informação Benjamin afirma que esta se destacou com a consolidação da burguesia e é mais ameaçadora que o romance, pois esta faz com que o saber que vem de longe encontre menos ouvintes que a informação sobre algo próximo. O saber que vem de longe, mesmo que não fosse controlado pela experiência tinha uma autoridade válida; já a informação tem uma necessidade de verificação automática. “Cada manhã recebemos notícias de todo o mundo. E, no entanto somos pobres em histórias surpreendentes. A razão é que os fatos já nos chegam acompanhados de explicações. Em outras palavras: quase nada está a serviço da narrativa, e quase tudo está a serviço da informação (...) O extraordinário e o miraculoso são narrados com a maior exatidão, mas o contexto psicológico da ação não é imposto ao leitor. Ele é livre para interpretar a história como quiser, e com isso o episódio narrado atinge uma amplitude que não existe na informação.”(BENJAMIN, p.203) 

    Podemos então perceber que a exatidão da informação e a solitude do romance são responsáveis pelo declínio da experiência de narrar e com isso pode-se responder de um certo modo o porque da "mudez"  da sociedade contemporânea em geral.

         Este então vem a ser o papel do narrador, que Benjamin associa metaforicamente com a figura do sucateiro, ou seja o catador de lixo das grandes cidades modernas que não deixa nada para trás, para não deixar nada se perder, pois sua própria sobrevivência depende das migalhas que este recolhe daquilo que a sociedade desprezou, os rastros que esta quis apagar.

         Jeanne Marie Gagnebin em seu texto Memória, História, Testemunho dá uma boa definição do narrador sucateiro de Benjamin: “Esse narrador sucateiro (o historiador também é um Lumpensammler) não tem por alvo recolher os grandes feitos. Deve muito mais apanhar tudo aquilo que é deixado de lado como algo que não tem significação, algo que parece não ter nem importância nem sentido, algo com que a história oficial não sabe o que fazer. O que são esses elementos de sobra do discurso histórico? A resposta diz Benjamin é dupla. Em primeiro lugar, o sofrimento, o sofrimento indizível que a Segunda Guerra Mundial levaria ao auge, na crueldade dos campos de concentração( que Benjamin, aliás, não conheceu graças a seu suicídio em 1940 quando foi capturado por tropas nazistas, enquanto fugia para os EUA juntamente com sua amiga Hannah Arendt. Arendt conseguiu embarcar, porém Benjamin preferiu se matar do que se render às forças nazistas. É bom lembrar que além de um haxixeiro de mão cheia Benjamin era judeu e de esquerda.). Em segundo lugar, aquilo que não tem nome, aqueles que não têm nome, o anônimo, aquilo que não deixa nenhum rastro, aquilo que foi tão bem apagado que mesmo a memória de sua existência não subsiste- aqueles que desapareceram tão por completo que ninguém lembra de seus nomes. Ou ainda: o narrador e o historiador deveriam transmitir o que a tradição, oficial ou dominante, justamente não recorda. Essa tarefa paradoxal consiste,então, na transmissão do inenarrável, numa fidelidade ao passado e aos mortos, mesmo- principalmente- quando não conhecemos nem seu nome nem seu sentido”. (GAGNEBIN, p.54)

    Mas então? O que diabos (bacon) Walter Benjamin tem a ver com o MQN?

   A resposta é simples queridos seguidores do beerblog!

     Não estamos tratando do MQN, e sim do Melhor Que Nada, nome com o qual tal banda foi conhecida por aqui no final dos anos 90. Bad Ass Rock N´Roll? Fuck The CD? Nada disso! O MQN daquela época era bem bonzinho por sinal. Nada de guitarras pesadas, vocais semi gritados e energia no palco. E sim melodias sugadas dos Beatles e cinco canções desconexas, porém bem gravadas no que constituiu o segundo CD prensado da história do rock goiano ( Nota do brógui: O primeiro foi o Step Ahead do CFC). Um CD prensado com cinco músicas? Mas não era mais prático lançar uma demo, já que se tratava do primeiro lançamento da banda? Ainda mais numa época onde 11 entre cada 10 bandas goianas lutavam pra gravar uma fitinha demo tosca? Ainda mais quando era caaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaro pra caralho mandar fazer um CD?

       Marinherismos de primeira viagem à parte o grande lance é que, pasmem, esse CD foi totalmente gravado no esquema Do It Yourself ( ou seria papai pagou?). Naquela época o gordinho mais legal do rock brasileiro ainda não tinha poder nenhum, a Monstro era só do Marcio e do Bigode que nem conheciam tal banda, muito menos a Lei de Incentivo à Cultura; a Monstro era só um selo tosco como nós, que lançava bonitos compactos coloridos e fazia o Goiânia Noise no DCE-UFG.  O MQN costumava fazer seus shows em colégios secundaristas burgueses e em festas de 15 anos e o som além de remeter a Beatles também remetia a tudo que o Fábio Massari passava no saudoso Lado B da MTV: Oasis, Blur,Stereolab,Man or Astroman?,Spiritualized, Pavement, Jon Spencer Blues Explosion....  e a banda ia na onda da MTV. Acho que não mudou muita coisa de lá pra cá, até porque hoje o que se toca por lá é Stoner Rock! E nisso o MQN é pioneiro no Brasil.

      Bom, quanto ao Benjamin. O fato é que Television in Full Color foi renegado pela banda (vai la no site deles e vê se esse CD aqui existe!) e pela cena Rooooooooooack de Goiânia, e por tanto tempo esquecido, apagado da história oficial, e nós, como bons sucateiros, sobrevivemos para narrar a história e recolher este pedaço de lixo há tanto escondido e esquecido no limbo da tal Goiânia Roça City. Nois é Jeca mais é hype!

               Só nos resta saber qual dos bebês rechonchudos que aparecem na capa de trás do disco  é o senhor Nobre. Acho que todos heheheeheheheh 

Voi-lá!

TRACKLIST

1- The Guy Who Lives in a Dog House in Liverpool
2- Spaceboat to Venus
3- Speeches
4- Brain Working
5- A Million Feet High

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terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Entrevista com Jello Biafra. Revista Bizz nº 7 (1986)



        Eric Boucher a.k.a. Jello Biafra: 50 anos, ativista político, dono de um dos maiores e mais duradouros selos underground da história, ex vocalista de uma das mais influentes bandas da história, ícone do punk, ícone do underground, ícone do DIY, ex candidato à prefeito de São Francisco, ex candidato a disputar uma vaga à presidência dos EUA em 2000. Uma verdadeira lenda viva que pelos últimos trinta anos têm injetado doses cavalares de política na juventude mundial, evitando assim que gerações inteiras caíssem no conformismo, na alienação e na mediocridade da sociedade capitalista ocidental. Uma figura essencial para os tempos sombrios que vivemos hoje. Sempre ativo Jello acaba de lançar seu mais novo álbum de música (sim, de música, porque constantemente ele também lança álbuns com seus discursos.) The Audacity Of Hype, com sua nova banda The Guantanamo School Of Medicine, que trás a participação de ninguém menos que Billy Gould (Faith no More/Brujeria) e 14 críticas ácidas ao nosso incerto mundo atual: do consumismo desenfreado de "Strength Thru Shopping", passando pela ditadura das multicorporações "New Feudalism" e pela ridícula crise de alimentos que quebrou meio mundo em 2008; e deixou os países de primeiro mundo com a mão na tanga (nota do brog: Bem Feito!), "Electronic Plantation" até chegar a um verdadeiro hino da resistência anti-capitalista, que só poderia mesmo ter sido escrito por alguém que sentiu esse ímpeto de resistência na pele por toda a vida "I Won´t Give Up". 

"Então, da minha pequena e própria maneira
  Eu fiz um juramento
  E você pode fazê-lo agora!
  As Corporações não poderão me ter

 Não vou desistir
 Isso não é uma opção!"
 (Jello Biafra- I Won´t Give Up)

     Com toda certeza Jello é uma das figuras mais importantes da esquerda das últimas três décadas, seja na arte ou na política. Porém o que trazemos aqui, não é o trabalho novo do cara e sim uma entrevista antiga, de 1986 quando ele ainda era vocalista do Dead Kennedys. Nela Jello fala sobre o punk brasileiro, a quase falência da Alternative Tentacles, sobre sua candidatura a prefeitura de São Francisco e até sobre o RUN DMC! Entrevista feita por Marco Antônio de Menezes e publicada no número 7 da extinta revista Bizz.

   
BIZZ: Você conhece o punk rock brasleiro?

Jello: Tenho a maioria dos discos punk brasileiros: Olho Seco, Cólera, Ratos de Porão...
Eles mandam fitas para o programa de rádio de São Francisco, Maximum Rock N´Roll (Nota do brog: que também é um zine), e a gente acompanha o que acontece por lá.

BIZZ: E você gosta?

Jello: Tem coisas ótimas. Ratos de Porão tem um som maluco de barbeador elétrico ou coisa parecida, uma espécie de navalha elétrica.  Em gravações, pelo menos, o som é um barato, um escândalo. ( Nota do brog: Jello lança os discos do RDP pela Alternative Tentacles desde meados da década de 90.) No futuro, para manter vivo o espírito do punk, essa música tem que se expandir, mas mantendo sua identidade. O perigo é transformar o punk em outra fórmula, em conformismo. Espero que eles façam experiências, aumentem seus horizontes.

BIZZ: Isso seria o caminho para o futuro do punk?

Jello: Punk é um estado de espírito. Essa coisa de vestir jaquetas, uniformes militares, é cultura consumista. A maioria dessa gente está fazendo o mesmo que os chamados "normais". O verdadeiro punk às vezes tem uma aparência comum. O cara que faz nossas capas, Winston Smith, é mil vezes mais punk que a maioria dos punks que eu conheço. E é um carinha de barba, cabelo comprido de hippie, mora nas montanhas, sem telefone, nem eletricidade.

BIZZ: No Brasil vocês vão tocar para o pessoal do subúrbio. ( Nota do brog: O Dead Kennedys ia tocar no Brasil em 86, mas a banda acabou antes deles virem para cá.) É uma garotada com um tipo de sensibilidade muito política, pela própria luta do dia-a-dia; e exigem uma música que expresse a revolta deles.

Jello: Eu sei disso, e é a coisa que mais atraiu a gente. No princípio pensei que os punks brasileiros fossem ricos, porque quem ia ter dinheiro para comprar os instrumentos? Depois fiquei sabendo que não é bem assim. Mas parece que o punk não consegue chegar até as favelas, até as pessoas de vida realmente miserável Isso, eu acho, só vai acontecer com um tipo de punk acústico, com instrumentos improvisados, do tipo que o pessoal de Washington faz com garrafas e tambores vazios, latas de lixo. É barato, dá pra fazer sem eletricidade. E punk não tem muito sentido sendo só escutado, todo mundo que entra no punk tem que fazer música punk. O interessante seria tentar misturar isso com o punk eletrificado, do mesmo jeito que seria fascinante enfiar no punk uma coisa como a música de Carmem Miranda. Adoro quando as pessoas pegam música folclórica de seus países e misturam com punk, isso é muito melhor do que procurar fazer um som apenas parecido com com uma banda americana, inglesa ou finlandesa. Já fizeram um pouco disso no Japão, e na Hungria tem uma banda chamada Bikini que é uma maravilha.


                                 
BIZZ: No Brasil, até componentes eletrônicos e eletricidade dão um jeito de improvisar.

Jello: Ótimo! Porque o pessoal daqui detesta improvisar. Os próprios punks daqui têm medo de improviso: aprendem uma fórmula e ficam naquilo. Eu ia adorar escutar, por exemplo, a música de uma tribo do Amazonas, ou a Carmem Miranda, ou a salsa... sei que não é bem salsa...

   BIZZ: Samba

   Jello:  ... o samba, isso tudo misturado com punk havia de criar uma música totalmente nova. O pessoal do Run DMC está tentando misturar hard rock com rap music e funk, aqui nos Estados Unidos.

  BIZZ: Vocês acabaram de lançar o LP " Frankenchrist". O anterior, " Plastic Surgery Disasters", saiu em 82- o que vocês fizeram nesse tempo?

  Jello: A gente estava tentando adquirir independência real e total para a nossa gravadora, a Alternative Tentacles. Nós fomos roubados adoidado por um pessoal que comercializa nossa marca. Fizeram discos defeituosos e foi preciso entrar em concordata quando chegou a hora de pagar todo mundo que estava reclamando. Nós acabamos no meio da rua, e a primeira decisão que tomamos foi a de reconstruir o selo, completamente independente. Passamos três anos juntando dinheiro para poder gravar novas músicas. E eu fiquei nessa posição incômoda de ser homem de negócios.

BIZZ: Vocês estão em excursão. Como é que foi até aqui em Nova York?

Jello: Em geral foi tudo bem. Tivemos problemas com grupos religiosos, que em algumas cidades conseguiram proibir nossos shows. Há um movimento para censurar os discos de rock, mas ninguém lembra que violência mesmo as crianças veêm cada dia mais na televisão. É o típico movimento cristão de direita, o mesmo tipo de gente que matava prisioneiros políticos no Brasil e na Argentina. Aqui não chegaram a tanto, mas o objetivo final deles é exatamente esse.

BIZZ: Você foi candidato a prefeitura de São Francisco. Por quê?

Jello: Eu era candidato oficial, legal, com nome na cédula e tudo mais. Isso deu oportunidade a que jornais, rádios, revistas, panfletos publicassem as minhas opiniões. Por exemplo, obrigar a polícia a ser eleita, guarda por guarda, pelas pessoas que ela vai controlar. Também acho que devíamos fazer um leilão em praça pública e todos os cargos oficiais mais lucrativos. Um leilão mesmo, aberto, em vez de fazer às escondidas, nos escritórios enfumaçados do poder. Naquelas eleições só havia algumas dúzias de punks na cidade, mas eu consegui 6591 votos, o quarto entre dez candidatos, e foi suficiente para ter que haver uma eleição de desempate entre os dois principais candidatos. E isso era o que eu queria, mostrar que não era uma eleição de verdade, era a disputa entre um candidato dos banqueiros, Feinstein, e Kopp, uma marionete dos interesses imobiliários. Era uma batalha entre dois setores de direita, e quem tinha consciência disso, e já estava de saco cheio, votou em mim.

BIZZ: Por que você usa a expressão "Fascistas Zen" na música "California Über Alles", 
se o budismo é aceito por tantos jovens como alternativa para a civilização consumista ocidental?


Jello: O que eu estou querendo denunciar é que algumas pessoas que tinham a cabeça muito aberta, e eram ativistas nos anos 60, agora se tornaram ultraconservadoras e ficam procurando gurus que lhes ensinem o que fazer. E toda religião quando você tenta forçá-la para outra pessoa, é uma forma de fascismo e também uma forma de capitalismo. Estamos tentando lutar contra essas duas coisas. E agora quero dar um recado para o Brasil: qualquer pessoa que queira conseguir nossa música ou qualquer outra coisa pode escrever para P.O. Box 11458, San Francisco, California, 94101,EUA, que é o endereço da Alternative Tentacles. E eu estou muito interessado em ouvir música brasileira, que seja moderna ou pelo menos interessante, fora do comum, e isso não significa apenas punk. Quem tiver interesse nisso é só mandar discos e fitas; vamos fazer um intercâmbio internacional.  É isso aí!





                              Baixe Jello Biafra & The Guantanamo School of Medicine- The Audacity of Hype:

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MxMxMx -Macaco Maníaco Molestador (Discografia)







 Influenciado de ínicio pelo show da turnê do Vivisick com o Fuck on the Beach,foi lançada pelo MxMxMx a demo fora do Ar,sendo utilizados para ela, gritarias,batuques,xiados com letras um tanto sem sentido pórem passando uma unica mensagem FODA-SE A MELODIA!
 Após um tempo, Caio Caos começa a compor um som ainda mais destruidor e visceral,dessa vez com riffs de guitarra rápidos e secos, e uma bateria programada abusadamente veloz,criou faixas para um Way intitulado "Parem Com Essas músicas por Favor?" os sons ficaram pura destruição sonora,dessa vez acrescentado mais influências do grincore ao noisecore e hardcore,um verdadeiro estupro auditivo! 
 Após um tempo em hiatus,o Macaco Maníaco Molestador ressurge com uma nova formação,dessa Vez contando com Guilherme Borges na guitarra e deixando o Caio Caos encarregado apenas dos vocais e da bateria. O Processo inicial de composição demorou um certo tempo,devido a problemas pessoais com um dos integrantes da banda,mas após as novas faixas ficarem prontas,tudo valeu a pena,simplesmente um grindcore noisecore dos mais estupidos que existem,riffs muito mais bem elabarados e com uma distorção cortante de fazer inveja ao mais cru dos raw black metal,totalmente visceral,vocais e bateria ainda mais intesos do que o do split anteriores,essa destruição toda foi então lançada num split com o projeto Maxete, grupo com a mesma proposta.




MAXETE VS MxMxMx SPLIT "IEMANJA"
Maxete
1 Funk Do Oliveira (sua Mãe veio aqui te procurar)
2 2099
3 DIGA NAO AO REFRIGERANTE NORTE AMERICANO DIGA SIM AO SUCO DE LARANJA GOIANO
4 ENTREI NA SUA CASA E MATEI SUA FAMILIA COM A MARETA DO SHAO KAHN(FT.THALES FECAL DEVASTATION)
5 NERD FUCK ELETRONIC SONG 
6 Suck My Dick
7 SUA FÉ É DA BEIJO NA FOTO DO PAPA(VERSAO LATINA)
8 MUSICA DO DESENHO DO SUB ZERO (SEM A MASCARA)
Macaco Maniaco Molestador
9 Argh!
10 Eu Não Sei!
11 Gang Banguers
12 Jesus quer Que você Mate
13 Moldura da Desgraça
14 Morre Logo Infeliz
15 Tensão
16 Vão ouvir Rock

5 Way Split - " Pare essas músicas, Por favor? "
Macaco Maníaco Molestador/ Holocausto Cerebral/ Porraloka/ Maxete/ Booba
.
01 - Foda-se A Melodia
02 - Infernal Caosnoise
03 - Mijei na Cruz De Jesus Seu Salvador
04 - Sim! Não!
05 - Vou Para China Onde Torturar Animais é um Lazer
06 - Ódio e Disgraça
07 - Cuspi na Cara,Murro e Voadora
08 - Symphony of Doom
09 - Brutal Society
10 - Fuck This Shit Melody
11 - Lives Destroyed For Nothing
12 - Police Bastard Suck Me Every Day
13 - External Debt Without End
14 - Cabrito 666
15 - Nessa Sociedade Em Que Vivemos, A Sinceridade Em Excesso Acaba Se Tornando Um Grande Problema
16 - Por Cada Anarquista Morto, Nasceremos Mil!
17 - Punk Não É, Nunca Foi E Nunca Será Meramente Um Estilo Musical
18 - Se Você Não Tiver Nada Melhor Pra Fazer Então Vá Protestar!
19 - Ser Vegetariano Faz Parte Do Plano - Só Não Me Pergunte Que Plano É Esse
20 - Stairway To Heaven (Led Zeppelin Cover)
21 - Fear Of The Dark (Iron Maiden Cover)
22 - Defecando No Crânio Do Pastor
23 - Enfiei Um Toco De Merda No Cu De Um Cadáver Em Decomposição Aquática Simétrica
24 - Gore The Cents 666
25 - Intestinal Penetration (Ft.Thales Fecal Devastation)
26 - Kiáltotta A Fotó Az Ördög (Versao Hungaro)
27 - Levou A Mulher Pra Namorar Na Casa De Swing (Casa De Orgia Para Corno Manso Que Sente Tesão Vendo A Mulher Dando Pra Outro)
28 - Se Tua Filha Bebe Cachaça Ela Incorpora A Pomba Gira E Eu Como Ela
29 - Booba +1
30 - Circo dos Horrores
31 - Monstro De Pudim Correndo Pelado
32 - My friend, BASTARD
33 - Para Todas As Horas
34 - Suicide In Snow Ball
35 - Um PUTA Som

MxMxM - Fora de Ar (EP)
1- Bissexualismo Musical
2- Sodomia de Satan
3- Contra o Analfabetismo
4-Vatapá com Caruru
5- Desenhos da Manhã
6-Para Com Essa Porra!
7-Demência
8- Sim!Não! 
.
http://www.4shared.com/file/127158473/5355963b/MxMxM_-_fora_de_Ar__EP_.html