quinta-feira, 28 de janeiro de 2010


Manifesto Coprófago
O que entendemos por excremento? O sentido mais específico da palavra é a expulsão dos dejetos fecais de qualquer ser. A merda, as fezes, o cocô são nomes populares de tudo o que é classificado como resto de metabólito. Merda é sinônimo de fedor, de repulsa, asco, nojo, coisa maldita e malfeita.
Mas, por que essa ênfase nas características negativas da merda? Não possuiria ela um lado bom que a redimisse de todos os seus aspectos repulsivos? Sim, claro que sim. A merda é o adubo, a merda é a matéria orgânica que se colocada à raiz da árvore, alimenta a planta e a faz crescer e frutificar. A merda é o início do alimento e o final dele. A merda se alia ao chão para que a humanidade e as outras espécies não pereçam. Então o que classificamos como sujo e infecto é na verdade o que nos dá vida e energia.
E logo se a merda que é uma coisa renegada tem a sua (grande) fatia de participação na criação e na sobrevivência, tudo o que achamos que é essencial para a criação e para a sobrevivência tem a sua fatia de asco, de repulsivo, de fedor, de nojo. Tudo que o ser humano classifica como bom, como arte, como gostoso, como essencial para a vida e para a invenção tem o seu lado ruim, o seu lado manipulador, o seu lado merda. Desde que nascemos somos educados por uma família opressora, por um Estado opressor, por uma escola opressora e na maioria dos casos por uma religião opressora. Este é o nosso lado verdadeiramente merda e o q a sociedade define como merda na verdade pode ser prazeroso; o q ela diz ser supremo na verdade é grande merda. A sociedade é uma merda, tudo que ela produz é merda. Logo você ingere fala e ouve merda. Olhe ao seu redor, os meios de comunicação todos tentam passar um sistema fétido de idéias, algo de podre sempre está no ar, nos governos, na rede de saúde, no caráter das pessoas se esconde a verdadeira merda. A sociedade é merda e tudo que ela produz é grande merda. Logo você ingere, vê, ouve e fala merda. Quando nascemos somos obrigados pela sociedade a seguir padrões de comportamento que reprimem a merda. A merda e o chão. Mas verdadeiramente somos a merda. Tudo que somos devemos ao chão e à merda. Cultuar a merda é a forma mais caricata de ser feliz. Cultuemos a merda e o chão. Cultuemos as nossas mais intrínsecas origens. E a forma mais lógica de cultuarmos a merda é começarmos uma revolução social que nos faça refletir onde está escondida a verdadeira merda, o verdadeiro nojo, o verdadeiro asco: num nobre produto do metabolismo ou nas ações/construções sociais que nos cercam. Isso é a coprofagia. Essas são as bases do Manifesto Coprófago. Comamos a merda. Assimilemos a merda . Separemos a merda metabólito da merda humana, façamos uma reconstrução de valores. O que classificamos como merda hoje, que seja o big bang do amanhã e o que classificamos como bom hoje, como valor, como indispensável que seja enterrado, que seja despojado num buraco no chão.

Por Priscylla Alves

2 comentários:

  1. Discordo do final, Priscylla.
    Daí a idéia de separação não se desfaz.
    Só inverte a roda da fortuna...

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  2. Boto a maior fé, Piri. Afinal, tem coisa pior do que ter problemas de intestino? É que nem naquele filme do Érico Rassi, em que o cara fica desesperado pq tá há 1 ano sem transar... e daí o amigo dele diz: "Pior é ficar 1 ano sem cagar"!!!
    A merda é fundamental!
    Caguemos, e andemos!!

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