Em fevereiro de 2005, Goiânia foi palco de uma luta entre o movimento social de sem-tetos e o poder público, que representava um proprietário de terras desocupadas e constitucionalmente sem função social. Além deste problema, soma-se o fato de que o proprietário não pagava impostos sobre estas terras urbanas há décadas. Os ocupantes exigiam que a invasão fosse regulamentada pela prefeitura, nos critérios da lei. Porém, o poder público municipal e estadual agiu defendendo os interesses do proprietário, e mesmo contrariando a Constituição Federal e as leis municipais, optou pela desocupação do terreno. O movimento social, que já era organizado e politizado, resolveu resistir. Por este motivo, a lei o criminalizou e a mão pesada e armada do Estado se fez sentir: extrema violência no processo de desocupação, ferindo qualquer código de direitos humanos. Excessos por parte da PM de Goiás, prisões arbitrárias, execuções de ocupantes pertencentes à invasão, e a distorção da lei em prol de quem detém poder econômico. Além de pesada investida da mídia local contra a mobilização popular deste caso. Este fato, histórico para a cidade, ficou conhecido nacionalmente por “caso Parque Oeste Industrial”, segundo a mídia. Para os ex-ocupantes, desmobilizados pelo Estado e cooptados pelo pseudopopulismo, o “Sonho Real”, como chamavam a ocupação, se transformou num terrível pesadelo de descaso, indiferença e dor. As falsas promessas políticas (Pai dos Pobres), a decadência de um modelo partidário (Estrela) e a desilusão frente à impotência para uma real intervenção no processo (Casa) marcam as opiniões que a banda formulou a respeito deste tema, que é a base do trabalho “Terror Oficial”.
Ademais, outros temas aparecem, como a descrença no espírito humano (O lago), a crença na ação direta como forma de transformação pessoal e coletiva (Você constrói o seu mundo) e a subjetividade da função da música como forma de expressão (Atrás daquele tempo). Temas estes que não deixam de se relacionar ao restante do trabalho, mesmo que de forma indireta.
Obviamente, o que escrevemos aqui são leituras coletivas de um grupo específico. Formule a sua através de boa pesquisa e senso crítico. Temos certeza que em diversos pontos haverá divergências, e também concordâncias. Se este processo “dialético” acontecer de forma madura, estaremos plenamente satisfeitos e nosso objetivo com o trabalho estará cumprido.
reconheci a foto na hora.
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