terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Resenha HQ´s - A Pior Banda do Mundo. Por Danilo Miranda



A Irrealidade Crônica

Não analisando apenas a obra, nem tampouco o autor, é de praxe tentar descrever o impacto da obra, ou apenas as sensações que ela pode te trazer, ou porque não dizer, uma boa dica de leitura fora dos padrões "Livrarias Contemporâneas".

Então vamos lá, vamos falar sobre a obra surreal, provinciana (ou não) de José Carlos Fernandes, um grande autor português que já teve diversas obras passeando no fanzine lisboeta intitulado Shock. Estamos falando da séries de HQ's, A Pior Banda do Mundo, uma série em seis volumes: O Quiosque da Utopia, de 2002; O Museu Nacional do Acessório e do Irrelevante, de 2003; As Ruínas de Babel, de 2003; A Grande Enciclopédia do Conhecimento Obsoleto, de 2004; O Depósito de Refugos Postais, de 2006; e Os Arquivos do Prodigioso e do Paranormal, de 2007.

Não vou falar dos seis volumes em si, mas sim de seus conteúdos interdependentes. Imagine aquelas pessoas que você sempre considerou deveras estranha, ou extremamente fora de si, pois então...
Elas são retratadas em seu estado mais puro de devaneios extra-psicológicos e pensamentos incomuns sobre coisas que passam (e passariam) despercebidas aos olhos de qualquer um que não pertence ao mundo ilógico (porém a busca da lógica é constante, mas não necessariamente correta).

A Pior Banda do Mundo, conta a história de um grupo de músicos de jazz, que ensaiam juntos há 29 anos e jamais conseguiram tocar uma única música sequer, apesar de suas músicas serem compostas e guardadas na mente de outra pessoa(s). Enquanto ao seu redor, histórias sem nexo cronológico ou sentido comum acontecem, pessoas que não existem discutindo sua existência, analises de invenções não inventadas e filosofias sobre o cotidiano que o jornal não divulga...

Tudo é um devaneio psicodélico em sépia, traços convincentes em suas enganações tentando a todo instante e todo quadro lhe convencer que qualquer absurdo que possa assim ser considerado no julgamento de quem lê, é absolutamente normal, apenas distante de sua vida cotidiana e comum. A beleza do surreal é tratada de forma ímpar, de uma forma que seria necessário esquecer qualquer equação ou questão de lógica que se aprende na escola,

Enfim, A Pior Banda do Mundo carrega em seus 6 volumes, surrealismo e crônicas implícitas em psicodelias cartunistas, tão perigoso e sério quanto Watchman, tão engraçado e simples quanto qualquer gibi da Mônica, tão inteligente e perspicaz quanto uma obra de Herman Hesse, e ao mesmo tempo, livre de qualquer comparação.

                                  Por Danilo Miranda

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