sábado, 1 de maio de 2010

Entrevista Os Canalhas, Por Carolina Tulim



















Sim a banda mais estrela do nosso cast também tem espaço no beerblog. Ai está a entrevista na íntegra que virou matéria no Diário da Manhã de 1/05/2010. Feita pela nossa querida Carolina Tulim que é fã confessa da banda há vários anos.... Leiam ai a tosquera e Muito AMOR no coração de vocês!!!!

Como os integrantes se conheceram? Qual foi o primeiro contato de vocês?

Segundo: Bom, nós nos conhecíamos antes de montar a banda. O Heavy tocava no Hash, o Bicudo no OSNI e eu no Corja (onde continuo tocando até hoje). Éramos colegas de cena, íamos nos shows e algumas vezes nossas bandas tocavam juntas. Aí nos encontramos na UFG, eu fazia Filosofia e o Bicudo e o Heavy faziam o finado curso de Rádio & TV. Apareceu um evento num comitê político e ninguém quis tocar, então tivemos a brilhante idéia de montar uma banda de cover de música brega pra irritar o público underground. Deu tão errado o nosso esquema que tocamos até hoje... Era pra ter acabado naquele primeiro show.

A formação dos Canalhas sempre foi essa, ou fora as garotas, que entraram depois, algum outro integrante entrou/saiu?

Segundo: Tínhamos um vocalista antigamente, mas ele saiu pra comprar cigarro e nunca mais voltou. Dizem que andaram vendo ele penteando macacos lá no Piauí.

Heavy: Inclusive ele saiu pra comprar cigarro duas vezes, já que teve um show uma vez numa extinta casa de shows em que ele apareceu, subiu no palco no meio de música, cantou e sumiu de novo.

Tirando as atividades da banda, quais as outras atividades de cada um? Formação, idade, atividade profissional e características de vocês.

Segundo: O Heavy tem um zine e um blog, eu tenho um selo (Two Beers or not Two Beers) e o Bicudo tem um salão de festas.

Qual foi a iniciação musical de cada um? Quando aconteceu?

Segundo: Todos nós 3 começamos batendo cabeça no DCE da UFG.

Heavy: Acredito que todo mundo da banda sempre ouviu muito qualquer tipo de música desde moleque, aquele lance de herança musical que você vai herdando da família. Agora se iniciação musical da pergunta é pro lado do rock, acho que foi na base da maloqueragem nas ruas mesmo. Desde a primeira fase do Martin Cererê no início dos anos 90, amigos de colégio, shows no DCE da UFG e da Católica e Praça Universitária, as tramóias que rolavam na Hocus Pocus, a garimpagem nos sebos do Centro, muito fanzine, Bizz e Rock Brigade, o lance de pesquisar um som e esperar meses pra conseguir o cd... Isso tudo foi criando raiz na nossa mente desde a adolescência e acho que é o que fazemos até hoje, só que com as facilidades proporcionadas pela internet, o que na minha opinião tirou um pouco a graça da coisa toda.

Quais são as principais influências da banda? Essa brincadeira que vocês fazem com as letras bregas, românticas e cafonas combina com o gosto pessoal de cada um ou não passa de deboche, escárnio?

Segundo: Claro que adoramos música brega. Se existe deboche o escárnio é com os roqueiros. Não gostamos de roqueiros... ehheheehh. Na verdade pra poder entender nossa onda eu sugiro aos leitores se familiarizarem com as obras do filósofo Theodor Adorno e ler umas 10 letras de bandas punk. Utiizamos os clichês da Indústria Cultural os repetimos de forma que as pessoas possam rir de sua própria ignorância. Tem também algo de político e subversivo no conceito estético da banda. É algo sobre como as pessoas necessitam de um rótulo para poder se encaixar na sociedade. Quebramos esses rótulos e subvertemos o purismo musical tanto do lado roqueiro quanto do lado das músicas populares como forma de crítica à mercantilização da arte , à indústria fonográfica e a mídia de massas. Somos contra o mito do sucesso e o sucesso instantâneo que transforma a música em mero produto para ser descartado depois que inventam uma nova moda ou tendência. Tanto o brega quanto o rock pesado são estilos marginalizados pelos setores elitistas e formadores de opinião, mas que possuem um enorme apelo popular e fidelidade dos fãs.

Heavy: Quando eu era moleque, o que mais se ouvia em casa era a Rádio Riviera e o paradão de sucessos que misturava música brega e B-rock. O que a gente assistia na TV era o Sílvio Santos, o Chacrinha e o Clube do Bolinha. É lógico que chegou aquela época de ouvir os medalhões do rock, heavy metal, música eletrônica, hardcore etc., e essa bagagem toda virou uma massa homogênea de influências que não deixa brechas para o radicalismo musical. Inclusive, é lance é como o Segundo disse mesmo, nós temos Os Canalhas até hoje porque nós gostamos de irritar os roqueiros radicais de Orkut.

Tem músicas próprias? Qual o conceito que norteia as composições?

Segundo: Temos algumas músicas próprias sim, são músicas de amor no mesmo estilo que tocamos as nossas versões, letras bregas e rock pesado. Não fazemos muitas músicas porque não queremos o título de hitmakers. Tocamos no limiar entre a diversão e o profissionalismo. Nosso compromisso é com o público, não com a mídia e as gravadoras. E de certa forma as versões que fazemos de músicas alheias acabam se tornando tão diferentes da original que acabam virando música nossa. Há todo um cuidado em versar essas músicas. Utilizamos várias referências da cultura pop tanto nas canções como na estética da banda. Já fizemos dois filmes que passaram na Mostra Trash num horário bacana com referências humorísticas e cinematográficas que vão desde Monty Python a Sílvio Santos, de Slayer a Ângelo Máximo, juntamos os baluartes do popular e do cult, misturamos o "lixo cultural" com o "cult" e cuspimos de volta na cara das pessoas.

Já tem disco gravado? Quanto tempo o trabalho levou pra ser concebido? E envolvidos em gravação e produção?

Segundo: Assim como motorista bêbado, nós não somos obrigados a depor contra nós mesmos. Não quero fazer o teste do bafômetro do ECAD.

Heavy: Estamos envolvidos com a gravação de um cd que nunca é ensaiado, de um DVD ao vivo que nunca acaba de ser editado, e com a produção da terceira parte da trilogia cinematográfica, que já tem roteiro pronto e tudo, mas os atores viajaram a compromissos profissionais para Hollywood ou viraram evangélicos. Então por enquanto a gente está incomodando as pessoas só em cima de um palco onde alguém nos deixa tocar.

Qual foi a ideia por trás da entrada das meninas na banda? O que mudou com a entrada delas?

Segundo: Ora, o que mudou é que agora podemos encenar um remake da novela do SBT "Éramos seis" e também fazer concorrência com o Titãs. Também o fato de termos mulheres na banda faz com que as pessoas gostem mais da gente. Infelizmente o machismo ainda está arraigado em nossa sociedade e acabam colocando o lance das meninas em destaque. Mas não somos machistas, somos canalhas e existe uma diferença bem grande entre os dois termos. Não queremos ser associados com essas bandas que colocam as mulheres pra rebolar no palco. As tratamos com igualdade, elas são cantoras tão ruins quanto nós somos músicos ruins, ninguém na banda quer ser sex symbol e não tratamos nossas mulheres como meros objetos para obter reconhecimento. É nada mais que a celebração de amizade e respeito de ambas as partes. É isso que conta!

Heavy: A entrada das Canalhetes só veio abrilhantar ainda mais o nosso espetáculo. Agora a idéia maquiavélica “por trás da entrada das meninas na banda” é que elas são tão canalhas quanto a gente, tem os mesmos gostos profanos em relação à música e cultura pop, e não ficam pagando de estrelas do rock goiano. Elas já nasceram estrelas do rock goiano!


Baixe: Os Canalhas Devem Morrer (2005)

tracklist:

1- Injete Amor na sua veia

2- Punk Rock de Amor

3- Jen está morta (Jen is dead- Descendents)

4- Identifique-se por favor

5- Eu não quero seu amor

6- O amor e o poder (The Power of Love- Air Supply/Rosana)

7- Loiras Geladas (RPM)

8- Já Sei Namorar (Tribalistas)

9- Vou de Taxi (Angélica)

10- A Última Canção (Paulo Sérgio)

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